A incitação ao ódio foi ganhando espaço, pessoas foram agredidas e mortas, e, novamente, foi o negro, a travesti e o pobre quem pagou o preço mais alto.
Medo, desespero, injustiça e angústia passaram a fazer parte do nosso dia a dia. E aqueles que estavam quase indiferentes a tudo isso também nos causavam espanto. Como alguns conseguiam seguir a vida, não se afetar, diante da barbárie explodida a nossa frente? Como permanecer indiferente quando alguém se sente no direito de dizer em alto e bom som que o general Ustra deve ser enaltecido?
E, por fim/começo, 50 milhões de brasileiros elegeram um fascista, autoritário, ditador, um grande pai que prometeu livrar o país do bode expiatório, como em um passe de mágica, realizando o desejo e a fantasia infantil dos seus eleitores. Pobre país com sua autoestima no chão, palco perfeito para a manipulação, a incitação ao ódio voltado a um inimigo comum e às minorias.
Mas do caos também nasceu a cor.
A maior manifestação organizada por mulheres na história do Brasil aconteceu e teve início com uma mulher negra da periferia, que conseguiu reunir 4 milhões de seguidoras na rede social. Na manifestação #EleNão, estavam presentes não apenas mulheres, mas homens, idosos e crianças, havendo música, dança e amor! Em um clima de solidariedade, a #Elenão fez história e a esperança ressurgiu novamente. O lilás enfeitou as cores das ruas cinzas de São Paulo, Rio, Salvador e de outras 114 cidades no Brasil e no mundo.
Enquanto famílias de sangue eram rompidas, vimos nascer o surgimento de famílias criadas por afinidade e até um Natal dos excluídos foi planejado. Enquanto candidatos falavam em nome de um único Deus, nas reuniões juntavam-se respeitosamente católicos, evangélicos, umbandistas e ateus. Enquanto se criticava sem qualquer embasamento e critério a Lei Roaunet, a arte deu o seu grito e nos salvou em momentos de desespero.
PATHOS / V. 08, n.01, 2019 10
Σ
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