Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 7º Volume | Page 57

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PATHOS / V. 07, n.04, 2018 56

INTRODUÇÃO

O tema do brincar tem sido abordado em vários campos, como na pedagogia, psicologia e também na psicanálise, além de outras áreas que desenvolvem estudos sobre a criança e o brincar. Diversos autores preconizam que o brincar é ação primordial para o desenvolvimento da criança, como Bomtempo (1996; 1999), Moyles (2002) e Winnicott (1971), que apontam a necessidade de espaço para a criança desenvolver suas habilidades, pois o ato de brincar e fantasiar ajudam no campo intelectual, na criatividade e representação da vida de forma lúdica. Ao brincar, a criança também desenvolve habilidades motoras, raciocínio lógico e outras habilidades, como afirmam Piaget (1964) e Vygotysky (1984).

Outros elementos que estão presentes durante o brincar são as noções de regras ou normas, como a capacidade de aprender a esperar sua vez, conforme expõem Elkonin (1998) e Oliveira (2004). Brougère (1995), Carvalho, et. al. (2003) e Huizinga (1971) debruçam-se sobre a relação entre o brincar e a cultura, em que a criança conta com a brincadeira para ajudar a compreender e internalizar elementos culturais que a cercam.

Além do brincar, o enlaçamento também tem sido foco de estudos sobre a primeira infância, como na psicanálise. Autores como Kupfer (2004), Lacan (1968-1969/2008), Laznik (2010) e Quinet (2012) apontam para essa relação com o outro, considerando-a fator primordial para o desenvolvimento psíquico. Nesse sentido é que apresentamos a importância do brincar com um outro, seja criança ou adulto, considerando que a relação com o outro tem uma função fundamental na constituição subjetiva.

Acerca da importância da relação entre o adulto e a criança para a constituição psíquica, Freud (1913//1996) afirma que, para lidar com as crianças, é necessário sondar suas mentes, pois o adulto já não se recorda ou entende a própria infância. O autor também aponta que a psicanálise pode se aproximar da infância com o intuito de promover compreensões sobre algumas fases do desenvolvimento infantil, e é no contato entre adulto e criança que há a possibilidade de o sujeito reconhecer-se e constituir-se, pois, ao se relacionar com o outro, a criança pode identificar-se e também diferenciar-se dele.