Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 7º Volume | Page 44

Conforme o autor, o jogo de exercício seria o primeiro a aparecer no sujeito somente se o indivíduo deixar de realizar seu ritual e atividades adaptativas reflexas e adaptativas que evidenciam a expectativa de resultados para realiza-las pelo puro prazer de exercê-las. Em outros termos, não haveria por parte do indivíduo uma assimilação acompanhada de acomodação, nem esforço de compreensão. Neste sentido, haveria assimilação à própria atividade pelo puro prazer de agir. O símbolo na criança surgiria, portanto, na última sub-fase deste período de desenvolvimento do qual a criança já próxima dos dois anos de idade faria aplicação do esquema a objetos inadequados. Isto é, a “objetos que não são habitualmente aplicados e evoca-os para auferir prazer” (Piaget, 2010, p.110).

Objetivo

Busca-se ratificar a importância do brincar para a criança, evidenciando o elemento brinquedo como objeto significativo e propiciador para tal ação. Assim, fora observada ação do brincar de uma criança destacando todas as especificidades constituintes desta ação para compreendermos em profundidade a relação que a mesma estabelece com o brinquedo e, por conseguinte, com a brincadeira.

Metodologia

Foi realizado um estudo de caso com um menino de dois anos e onze meses (2:11) a partir da ação do brincar desta criança em situação natural, isto é, dentro do seu próprio ambiente residencial familiar. A brincadeira, decorrente da escolha do brinquedo, não foi direcionada por outrem e, sim, espontaneamente iniciada pela criança, e o objeto brinquedo que instigou tal atividade também foi por ela escolhido, bem como o locus da casa selecionado como espaço preterido para a ação. A observadora era uma pessoa conhecida pela criança e tal fato contribuiu para que o ambiente fosse favorável para essa investigação, na medida em que a rotina da mesma não foi alterada, propiciando um ambiente natural para a criança e corroborando para que ela não apresentasse algum comportamento evitativo e/ou sentimento desfavorável no momento da observação. Destaca-se que o brinquedo e a brincadeira da criança, alvo da observação e análise, não esteve pautado em algum critério a priori de seleção por parte das pesquisadoras. Isto é, não se buscou observar determinado brinquedo ou contexto de brincadeira.

PATHOS / V. 07, n.04, 2018 43

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