Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 6º Volume | Page 7

A existência da moléstia, ao contrário do que

geralmente se pensa, é posterior à existência

do médico. (Olavo Bilac)

A doença é um conceito do diagnosticador e é mesmo posterior – um conjunto de sinais e sintomas agrupados que, acreditamos, define uma condição no indivíduo do qual intentamos cuidar. Dado o diagnóstico, existem três possibilidades: curamos, tratamos ou consolamos.

Muito do que fazemos está nesta última possibilidade. O efeito dito “placebo” é de tal valor que não podemos desprezá-lo. Isto não significa que as duas primeiras sejam indesejáveis ou inúteis. Ao efeito supostamente benéfico do placebo se contrapõe, inevitavelmente, o efeito “Nocebo” – o prejuízo que podemos causar ao paciente, a pessoa que se apresenta a nós.

É nesse mar que navegamos e Poseidon é um deus desapiedade – acontecem coisas ad libitum do deus. O que fazer? Como proceder com aquele que nos busca, permanecendo coerentes com o que alardeamos fazer?

Existem, claro, diferentes discursos sobre a realidade. Diferentes ou nuançados: espiritual, religioso, cósmico, compreensivo, explicativo, interpretativo, filosófico, holístico, psicossomático, físico, químico e, ainda, outros. Todos supõem uma realidade existente e, partindo de seus pressupostos, constroem abordagens. Qual a melhor? Mais, ainda, qual é a verdadeira?

Não existe. Podemos admitir que cada uma contribua e que, admiti-las e mesmo combiná-las seja desejável, sem a exclusão de nenhuma delas.

Qual o caminho?

Este texto nos ajuda a refletir.

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PATHOS / V. 06, n.04, 2018 06