Foto Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Cássia encontrou saídas possíveis para as dificuldades que vivia em sua persistência, como a conquista de um terreno para construir sua casa, um emprego que a possibilitou educar seus filhos da melhor maneira que poderia e sustentar um marido que, segundo ela, não gostava de trabalhar.
Atendendo a demanda proposta pelo filho, observei a relação de Cássia com sua cuidadora, que durante minhas visitas, costumava falar alto, interromper o atendimento com a acompanhada para completar informações, entre outras atitudes. Com o tempo fui notando que apesar da inconveniência, Márcia tinha um papel importante, que era o de orientar Cássia quantos aos fatos que ocorriam na semana, resgatando suas memórias e pontuando situações que havia vivido junto com ela. Em nossas conversas, Márcia costumava se queixar dos conflitos familiares que Cássia vivia, demonstrando irritação com a ausência de visitas, e também criticando as formas com que os filhos da acompanhada se responsabilizavam pelos cuidados com ela.
Nos momentos em que Cássia quer descansar, aproveito para conversar com Márcia para tratar das orientações e ofertar um espaço em que possa falar dos conflitos que vive com a acompanhada e com sua família. O papel com Márcia tornou-se também o de mediar a relação entre ela, Cássia e o filho. Este último me procura eventualmente para falar de algum conflito que ocorre entre as duas, para que eu possa conversar com Márcia.
PATHOS / V. 06, n.04, 2018 63
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