Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 6º Volume | Page 53

Resultados e Análise dos Resultados: a partir da coleta de informações sobre a história de vida da paciente, bem como sobre os conteúdos trazidos pela mesma durante os atendimentos, foram realizadas interpretações para a averiguação da teoria, já abordada nesta pesquisa.

Síntese da História de Vida: Clarice é uma mulher que a princípio ganha a vida como diarista (mais tarde, muda de profissão, pois começa a atuar num estágio em sua área). Possui uma rotina resumida em trabalho e estudos, pois cursa Estética. É divorciada, mas mora com sua filha mais nova e a neta de dois anos de idade. O filho mais velho é casado.

Clarice busca a clínica-escola falando sobre seus problemas serem resumidos na filha que teria sido mãe ainda adolescente e passara por um mau relacionamento, no qual chegava a sofrer agressões do companheiro. Chegou a mudar de cidade, deixando para trás uma carreira inicial de microempresária que constituíra com a irmã, para cuidar da filha que tivera uma gravidez complicada. É durante estes fatos que desenvolve alguns sintomas supostamente advindos da depressão, que serão descritos no decorrer da análise. O texto a seguir aborda os principais fatos trazidos durante as sessões, junto à análise e discussão conciliadas à teoria abordada em relação à histeria.

O Desejo não pode morrer: De forma extremamente detalhista e teatral, Clarice descreve suas crises somáticas e sensações de estar prestes a morrer junto ao medo de que tal destino aconteça: “sinto que vou morrer e isso faz com que eu sinta o pânico, tenho medo de morrer enquanto durmo e não ter ninguém para me ajudar” [sic].

Durante esta passagem, pode-se notar algo que irá se repetir em suas falas: um certo medo de que algo morra, e por fim, que a impossibilite de continuar desejando, como abordado por Simões (2007) a realização deste desejo, acarretaria a morte do mesmo (o que a impediria de continuar insatisfeita).

Em outra passagem, é possível evidenciar o tema morte quando o relaciona ao desaparecimento de seu sangue, ainda durante um momento de crise: “eu olhava para os meus braços e os via brancos, como se meu sangue tivesse sumido”. [sic].

PATHOS / V. 06, n.04, 2018 52

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