Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 5º Volume | Page 80

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PATHOS / V. 05, n.03, 2017 79

Era uma vez um ensino!

Carta-manifesto em relação às mudanças do ensino na FMU

Iniciamos nossa carta-manifesto com essa afirmação. Mas a qual ensino estamos nos referindo? Nosso olhar estará pautado ao longo dessas breves palavras sobre o alicerce ideológico, ético e político de Paulo Freire, pedagogo renomado, conhecido por sua revolução e humanização na área da educação, ao nos apresentar um ensino pautado em posturas horizontais, dialéticas e não ditatoriais ou mandatórias.

Infelizmente, presenciamos atualmente o sofrimento dos alunos dos diversos cursos de graduação das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), em São Paulo, especificamente aqueles mais próximos a nós, os alunos do curso de Psicologia.

Após a venda da FMU para o grupo internacional Laureate, mudanças começaram a ocorrer. Até então, tais mudanças são esperadas em razão do processo de compra e venda de qualquer “negócio” ou “empreendimento”. O que chamou a atenção foram as mudanças que impactaram não apenas questões de ordem somente administrativa, mas da qualidade do ensino, denotando prejuízos e perdas significativas à formação profissional dos alunos.

Para ilustrar algumas mudanças, podemos citar o corte de supervisores da área no estágio de triagem que ocorria nos 7º e 8º semestres do curso de Psicologia. Antes, a cada dez alunos, um supervisor ficava responsável pelo grupo, orientando e supervisionando os alunos dentro de um período de 1h40m semanais. Vale lembrar que a triagem era o primeiro momento em que os alunos se encontravam com um paciente. Outro detalhe importante é que a triagem era a porta de entrada da clínica-escola, porta aberta a qualquer tipo de queixa e demanda, como, por exemplo, pacientes com tentativas de suicídio, transtornos psiquiátricos graves e demais formas de sofrimento humano.