Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 5º Volume | Page 68

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PATHOS / V. 05, n.03, 2017 67

Realizamos também uma pesquisa qualitativa, para que pudéssemos aprofundar na história das pessoas que utilizam aplicativos para relacionamentos. Selecionamos uma amostra de 4 participantes, sem distinção de gênero ou idade, que se dispuseram a contribuir com o nosso trabalho, tendo como base as principais variáveis apresentadas durante a avaliação da pesquisa quantitativa. Temos a análise de conteúdo referente à entrevista, elaborada por um roteiro de 12 questões, realizada com 2 mulheres e 2 homens, de idade entre 18 e 30 anos e diferentes orientações sexuais. As entrevistas foram individuais, em caráter de sigilo de informações e tiveram duração de 1 hora. Para identificar os participantes, criamos nomes fictícios, seguido da idade e do sexo, identificado por M para Masculino e F para feminino.

DISCUSSÃO

A Teoria do Apego, desenvolvida por John Bowlby, que afirma (1969/1990) a ideia de que manutenção de um laço é vivenciada como fonte de segurança, e sua renovação como fonte de alegria. Qualquer situação que possa colocar em risco o laço afetivo criado, provoca uma ação no sentido de preservá-lo. Ao longo do desenvolvimento sadio do indivíduo, o comportamento de apego tem como objetivo o desenvolvimento de laços afetivos, inicialmente gerados entre as crianças e seus progenitores e, posteriormente, entre adulto e adulto. (Bowlby, 1969/1990).

No contexto Psicanalítico, as questões ligadas ao surgimento do vínculo e suas influências, bem como ligações com as escolhas de um parceiro na fase adulta e sua visão sobre a sexualidade, é necessário que levemos em consideração o elemento básico e primordial, que embasa este caminho: O conhecido e polêmico Complexo de Édipo. Násio (2007) explica que o Édipo não é apenas uma “crise sexual de crescimento”, a experiência vivida pela criança no conturbado período Edipiano, fica registrada no inconsciente e será responsável pela definição da identidade sexual daquele sujeito, assim como traços de personalidade e aptidão em administrar conflitos afetivos. O édipo é ao mesmo tempo realidade, fantasia, conceito e mito. Para a psicanálise, primordialmente uma fantasia.

Inúmeras mudanças ocorreram no âmbito social, econômico, político, religioso e cultural dos indivíduos desde que a interação e convivência de uns com os outros passou a ser conhecida como sociedade. Surgiram estudos sobre determinados períodos da história, que popularmente denominamos por Eras, e que trazem consigo evoluções e contemplam a transição de uma à seguinte, possibilitando uma caracterização sobre os marcos de cada tempo.

Até o século XVIII, os indivíduos eram submetidos à uma ideia de moral rigorosa, regida pelo poder da igreja e da pátria, que colocava o homem como autoridade e chefia da família. Para a mulher, restava a aceitação de uma repressão, onde não havia o direito de uma carreira profissional, a liberdade de expressão e a responsabilidade em cuidar dos filhos e da casa. Os índices de divórcios eram baixos e as relações duravam, na maior parte das vezes, todo o tempo de vida dos parceiros.