Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 5º Volume | Page 62

No mesmo âmbito do quesito anterior, pacientes com maior tempo de internação tendem a comentar, ou mesmo exibir para os palhaços suas melhoras. Da mesma forma, comentam quanto suas expectativas ao recebimento da alta médica. Neste caso há tanto a angústia e ansiedade pela demora na liberação (nos casos de internações mais longas), quanto à alegria em contar que estão finalizando sua passagem pelo hospital, suas expectativas quando retornar a casa e às rotinas cotidianas. Para Marinho, Santos, Pedrosa, & Lucia (2005) a forma com que o paciente concebe sua vida está relacionada com a maneira que ele lida com o adoecimento e a expectativa de cura. Ao saber do seu adoecimento, o paciente age com enfrentamento ou evitação, de ambas as formas há um comprometimento emocional. Os pacientes que possuem crença e expectativa de cura apresentam maior motivação para a vida; o que faz com que o mesmo apresente aderência ao tratamento.

Considerações finais

As observações do trabalho de palhaços no contexto hospitalar mostraram que através do lúdico é possível realizar um trabalho de humanização para pacientes adultos internados, lhes devolvendo parte de sua individualização: dando espaço para que o paciente possa falar de si, utilizando de brinquedos e piadas para fazer o paciente rir em um momento sofrido de sua vida e dando a esse o poder de recusa ao atendimento.

Os palhaços se demonstraram sensíveis às demandas dos pacientes, utilizando humor e amparo, inicialmente distinguindo qual é a melhor abordagem para cada paciente e assim utilizando dos recursos de cada paciente para lhe ajudar a ter uma melhor expectativa de tratamento e cura. Os pacientes aceitaram bem e também participaram das brincadeiras, dando espaço para “o brincar” e esquecendo por alguns instantes o ambiente em que estavam. Notou-se que alguns pacientes sentiam-se melhores apenas pelas visitas, principalmente em datas festivas.

Comparando a Política Nacional de Humanização do sistema Único de Saúde (PHN), e as observações de atendimento, conclui-se que é possível a humanização de pacientes adultos hospitalizados através do lúdico. Entende-se ser de grande relevância outros trabalhos desse segmento que possam comparar os dados observados com a visão do palhaço atuante.

Nota

1 - Google Acadêmico (https://scholar.google.com.br/), Scielo (http://www.scielo.br/) e BVS Saúde (http://brasil.bvs.br/).

PATHOS / V. 05, n.03, 2017 61

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