Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 5º Volume | Page 60

Atendimento com Amparo

Além do Humor, outro tipo de atuação utilizada pelos palhaços foi o amparo, que está relacionado com o acolhimento. Segundo Moura, Guimarães & Luz (2013) o acolhimento faz parte da Política Nacional de Humanização; são realizados por encontros, onde o paciente pode ser visto como indivíduo com suas particularidades. Tais encontros possibilitam abertura ao profissional da saúde, podendo afeta-lo positivamente.

O acolhimento também é entendido como a aceitação das pessoas como são, com suas fraquezas e inseguranças que são ampliadas no ambiente hospitalar. Esses pacientes tem a necessidade de ser escutados e compreendidos para que seu sofrimento seja amenizado, devendo-se considerar fatores subjetivos e inconscientes que estão agindo no paciente em relação à experiência do adoecer. Há a importância de um agente catalisador de processos de humanização no ambiente hospitalar, que realize esse cuidado por meio do diálogo e da atenção; cita para este fim o psicólogo (Junqueira, 2003). Considera-se a presença do palhaço nesse processo, e há possibilidade de alusão, na sua forma ao lidar com os pacientes, visitantes e profissionais de saúde, ao que Winnicott conceitua como Holding:

A noção de holding na teoria winnicottiana é de extrema importância para o manejo clínico e o holding é compreendido como sustentação: sustentar determinadas experiências ao longo de um tempo sem interromper a experiência do paciente. Significa oferecer um ambiente/setting que sustente e permita o processo de integração do sujeito (Januário & Tafuri, 2010, p.62).

A interação através do amparo e acolhimento pode ser observada também de diferentes modos: através da utilização de adesivos, de questionamentos sobre os motivos da internação, vivências e experiências trazidas pelos pacientes, ou ainda em relação à melhoras e/ou expectativas de alta hospitalar.

Cada palhaço leva consigo duas ou mais cartelas de adesivos. Eles costumam dar aos pacientes muito debilitados, para aqueles que demonstram ansiedade em receber a alta ou ainda que farão em breve uma cirurgia importante. Os adesivos são sempre colados em um objeto pessoal do paciente para que ele possa levar caso mude de quarto. Os palhaços dizem que os adesivos são para ajudar na cura e alguns pacientes os relacionam com crenças religiosas. Kupermann (2010), afirma que para a psicanálise freudiana, a religião é uma tentativa de uso de mecanismos de defesa mais primitivos, de idealização narcísica de escapar da angústia gerada por sua condição de desamparo.

PATHOS / V. 05, n.03, 2017 59

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