Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 5º Volume | Page 53

INTRODUÇÃO

Quando o indivíduo é hospitalizado há uma ruptura em seu cotidiano, a partir desse momento ele tem que seguir novas normas e horários, sendo muitas vezes tratado pelos profissionais da saúde de forma mecanicista, levando ao rompimento da individualização. Assim o indivíduo deixa de ser ativo, passa por mudanças que geram sentimentos negativos, sofrimento psíquico, e podem até mesmo agravar sua saúde (Beuter & Alvim, 2010). Segundo Giuliano, Silva & Orozimbo (2009), o adoecer por si só já causa sofrimento psíquico, podendo gerar sentimento de impotência e fazer com que a pessoa entre em contato com realidades que ela evita pensar, como a finitude e o morrer.

A Política Nacional de Humanização do Sistema Único de Saúde (PHN), criada há treze anos pelo Ministério da Saúde, visa à diminuição dessa angústia e minimizar a perda da individualidade. A PHN tem como objetivos:

(1) enfrentar desafios enunciados pela sociedade brasileira quanto à qualidade e à dignidade no cuidado em saúde; (2) redesenhar e articular iniciativas de humanização do SUS e (3) enfrentar problemas no campo da organização e da gestão do trabalho em saúde que têm produzido reflexos desfavoráveis tanto na produção de saúde como na vida dos trabalhadores (Pasche, Passos & Hennington, 2011).

Espera-se que esse cuidado humanizado seja ofertado por todos os profissionais da saúde, porém desde a graduação, esses profissionais acabam focando-se na cura de doenças, e quando não conseguem realizar esse trabalho também se sentem impotentes e fracos, precisando distanciar-se do paciente para que consigam prosseguir com seu ofício (Kuhn, Lazzari & Jung, 2011). Então quem pode oferecer esse tratamento humanizado para o paciente? Se o ser humano é um ser biopsicossocioespiritual, apenas o cuidado mecanicista com o paciente bastaria?

Desde o tempo de Hipócrates os palhaços trabalham em hospitais (Araújo & Guimarães, 2009); um dos pioneiros deste trabalho na modernidade foi o Doutor Patch Adams, médico americano que em 1985 começou a atuar como palhaço no hospital acreditando que ao interagir com amor, humor e alegria os pacientes se beneficiariam biologicamente, além de tornar o tratamento mais humanizado (Rodrigues & Nunes Filho, 2013), Utsunomiya, Ferreira, Oliveira, Arai & Basile, 2012).

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PATHOS / V. 05, n.03, 2017 52