Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 5º Volume | Page 30

A escola, depois da família, é a instituição que proporciona a socialização dos sujeitos, permitindo que façamos parte de um outro grupo. Assim, os contatos sociais passam a fazer parte do cotidiano de muitas crianças. É uma fase de descobertas, que podem gerar diversos sentimentos e sensações, como: entusiasmo, medo, alegrias, desapontamentos, ou seja, traz a convivência humana.

Lembro da minha experiência nos primeiros anos escolares como algo grandioso, mas, ao mesmo tempo, tenebroso, pois a figura do adulto ainda permanecia nesse ambiente, o que, em muitos momentos, proporcionava medo, angústia diante da autoridade com sua figura poderosa, dedo em riste, distribuindo ordens e tarefas incessantemente. É claro que não tive apenas lembranças ruins, porém sobre os primeiros anos não consigo me recordar de fatos agradáveis, a não ser os que passei com os meus pares, também colegas de classe. Contudo, não quero me ater à minha vivência, mas relatar uma outra que presenciei no período em que atuei como psicóloga por apenas três meses nas escolas de um município do litoral norte paulista.

Aliás, minha trajetória profissional prevalecente foi no setor da assistência social: atuei durante dois anos como técnica psicóloga numa Ong do município de São Paulo, dois anos como educadora social no Centro de Referência Especializada na Assistência Social (CREAS) de um município da Grande São Paulo e, atualmente, atuo como Psicóloga na Proteção Básica de um dos municípios do Grande ABC paulista.

Como minha experiência maior foi em outra área, o setor da educação foi algo bastante novo e, por isto, desafiador. Neste trabalho com as escolas, fazíamos parte de equipes de profissionais: fonoaudiólogos, psicopedagogos e psicólogos e realizávamos visitas diariamente a aproximadamente dezesseis instituições durante o mês, sendo que em algumas, a periodicidade era quinzenal e, em outras, mensal.

No cotidiano, me deparei com diversas situações e casos complexos, bem como diferentes estruturas de organização do corpo escolar, docentes, coordenadores e direção. A proposta de acompanhamento era institucional, todavia, a escola nos cobrava uma posição clínica, desejando que cada caso fosse analisado individualmente. Como se não bastasse a confusão existente na própria proposta de trabalho, estava também instalada a dificuldade em relação ao nosso papel.

PATHOS / V. 05, n.03, 2017 29

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