Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 5º Volume | Page 17

PATHOS / V. 05, n.03, 2017 16

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Dessa forma o diálogo apresenta-se como um elemento de mediação entre o sujeito e a rede de atenção disponível. A compreensão do acolhimento se amplia, convertendo-se num lugar de encontro entre trabalhadores e usuários, que reporta tanto para um espaço físico disponível para o cuidado como para um espaço simbólico de relações sociais e de diferentes percepções de demandas de cuidado.

Nesse sentido, a Tenda se constitui como um local de exercício da alteridade, onde além de reconhecer o outro na sua singularidade, considera a lógica do sujeito, legitimando seus pontos de vista e suas necessidades. Além disso, desafia a integrar a voz do outro nos processos de escolhas e deliberações sobre as práticas do cotidiano de trabalho.

Sendo a porta de entrada do Programa, a Tenda é o local onde o vínculo é consolidado e fortalecido. Tornou-se um local de referência para os usuários. Isso nos possibilita acompanhar o seu processo de desenvolvimento e dar-lhe o suporte necessário no que se refere às suas questões de vida. Nessa perspectiva, o acolhimento se evidencia como um processo contínuo que visa garantir a efetividade das estratégias de redução de danos.

F.O. “Agradeço muito esse programa, pois eu era uma pessoa que vivia na sarjeta. Usava muita maconha, e pedra. Às vezes também traficava. Agora, sou outra pessoa. Deixei de usar tanto a maconha como a pedra. Agora, tenho um companheiro de verdade e minha vida mudou para melhor. Não quero mais ser o que fui no passado”.

Este desenho pressupõe a existência de conflitos que, para serem gerenciados é necessário que haja uma escuta ativa, qualificada e resolutiva no acolhimento, para que os encaminhamentos sejam adequados.