Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 4º Volume | Page 42

Ainda com relação à pesquisa de Araújo e Marcon (2012), sobre a adesão ao tratamento de adolescentes considerados dependentes químicos em CAPS AD em Cuiabá (MT), estes afirmam que:

(...) no grupo de adolescentes que permaneceram no serviço, a família teve participação frequente no tratamento, enquanto, no grupo que não permaneceu, a família participou de forma pontual. A participação da família no processo de tratamento é fundamental na adesão de adolescentes usuários de drogas ao tratamento. (p.232)

Para Marques (2011) citado por Silva (2011), levantamentos nacionais mostram um aumento do consumo de drogas psicoativas e uma iniciação cada vez mais precoce, fatos que impactam cada vez mais profundamente a sociedade em que vivemos e na saúde pública do país. Com relação ao tratamento são raros os casos em que o próprio jovem procura ajuda. E quando isso ocorre, será que o jovem consegue ser visto em sua singularidade e em sua demanda específica, ou seja, em sua fase peculiar de desenvolvimento?

Segundo Marques (2011) citado por Silva (2011), afirma que:

Os tratamentos oferecidos, por sua vez, ainda utilizam as técnicas aplicadas aos adultos, o que acaba por contribuir para que a motivação seja ainda menor. As condições pré-tratamento devem ser avaliadas, pois determinam a adesão e a efetividade da intervenção. (p. 31)

Com relação a adesão ao tratamento da dependência química em adolescentes, Almeida (2010, p.215), relata em estudo qualitativo realizado com adolescentes usuários de drogas psicoativas a seguinte particularidade do tratamento destacada pelos adolescentes: “Quanto aos relatos sobre os procedimentos/relação com a equipe, foi possível observar que os adolescentes valorizaram a atitude “acolhedora”, representada pelas falas: recebimento de coração, tratando bem, amparada, entendia a gente”.

A autora identificou na mesma pesquisa com os adolescentes entrevistados, outra questão muito relevante que seriam os motivos para um possível abandono, segundo Almeida (2010):

(...) referiram oito razões para a saída do tratamento de uma forma geral. Dessas oito, quatro estão ligadas às características pessoais (falta de força de vontade, tentar resolver sozinho, não querer o tratamento, a necessidade de usar a droga) e as demais por fatores externos (falta de ajuda, influência dos amigos, característica do atendimento e dificuldades financeiras) (p.224)

PATHOS / V. 04, n.02, 2016 41

Σ