Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 4º Volume | Page 41

PATHOS / V. 04, n.02, 2016 40

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Os resultados da PeNSE de 2012 também mostraram que, considerando exclusivamente os escolares que usaram drogas ilícitas alguma vez na vida, 34,5% utilizaram maconha e 6,4% usaram crack. Em relação ao conjunto de estudantes do país, somente 0,5% relataram o uso de crack nos últimos 30 dias que antecederam a pesquisa.

Outra fonte de dados epidemiológicos utilizada é o VI Levantamento Nacional sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas entre Estudantes do Ensino Fundamental e Médio das Redes Pública e Privada de Ensino, nas 27 Capitais Brasileiras, de 2010, realizado pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD). A amostra total das 27 capitais brasileiras foi constituída de 50.890 estudantes, sendo 31.280 da rede pública e 19.610 da rede particular. Concluiu-se que 25,5% dos estudantes referiram ter feito uso na vida de alguma droga (exceto álcool e tabaco). Destes 10,6% referiram uso no último ano e 5,5% referiu uso no mês, com pequenas diferenças entre os gêneros. A droga psicotrópica mais usada é o álcool, seguido pelo tabaco, energético com álcool, solventes/inalantes, maconha, ansiolíticos e cocaína.

A adesão ao tratamento em dependência química

Inicialmente, torna-se mister definir o significado do termo “adesão” em se tratando de dependência química. Não se pretende considerar como a abstinência total de uso ou, até mesmo, como a progressiva redução de uso da substância psicoativa. Para fins de estudo e comparação, a adesão ou aderência ao tratamento, deve ser vista como uma determinação pessoal daqueles que iniciam o tratamento e o seguem da melhor forma possível, conforme o acordado na avaliação inicial realizada junto ao profissional técnico. De certa forma, não seria o que preconiza a World Health Organization (2003), que define adesão ao tratamento como a medida com que o comportamento de uma pessoa – tomar a sua medicação, seguir a dieta e/ou mudar seu estilo de vida – corresponde às recomendações de um profissional de saúde. Seria mais adequado dizer que a autonomia do usuário perante seu tratamento seria o foco da adesão, quando esta leva a uma melhora em sua qualidade de vida.

Os autores Araújo e Marcon (2012), citam que o CAPS AD deve ter como estratégia de atenção a redução de danos (RD), que visa minimizar os prejuízos individuais e sociais causados pelo uso das substâncias psicoativas, e considerar o usuário do serviço como protagonista de seu tratamento. Também afirmam que perfil do usuário com maior dificuldade em aderir ao tratamento é mais jovem, faz uso de drogas ilícitas, tem menos tempo de uso e tem menor suporte familiar.

Referente à estratégia Redução de Danos (RD), segundo o Ministério da Saúde, Portaria n.1.028 de 01/07/2005, as ações de redução de danos sociais e à saúde, decorrentes do uso de produtos, substâncias ou drogas que causem dependência, devem ser desenvolvidas por meio de serviços de saúde dirigidos a usuários ou dependentes que não podem, não conseguem ou não querem interromper o referido uso, tendo como objetivo reduzir os riscos associados sem, necessariamente, intervir na oferta ou no consumo.