Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 4º Volume | Page 13

A sociedade mudou, os tempos mudaram, as necessidades são outras, as tecnologias criaram outro mundo, mas a escola é a mesma. Pouquíssimas são aquelas que se arriscaram a mudar. A grande maioria continua tal como foi inventada, quando não piorada, e a escola onde trabalho faz parte deste grande grupo: carteiras enfileiradas, um aluno atrás do outro, nucas à frente, todos sentados, espremidos entre uma carteira e outra por quatro horas seguidas, ouvindo e reproduzindo. “Cuidado! Se não reproduzir corretamente terá que apagar e fazer tudo de novo, quem mandou não prestar atenção?”; “Faça sozinho, não fique olhando o do colega, pense com sua cabeça!”. É, mas estou sendo injusta quando digo que são quatro horas sentadas, ouvindo, existem preciosos 15 minutos. “Hora do recreio... Eeee!”; “Hora de brincar!”. Só que não. Entra em ação os inspetores como profissionais indispensáveis para garantir que os alunos fiquem na fila, peguem o lanche, sentem, comam, tomem água, vão ao banheiro e voltem para a fila esperar o professor. “Anda logo, menino! Vai pra fila, não ouviu o sinal?”.

Nesse contexto em que nem na hora do recreio as crianças podem brincar e muito menos se sentir livres para fazer o que quiserem - note-se que elas não podem escolher deixar de comer para brincar - é que se insere o GAPEs. Projetado com a prerrogativa de se constituir como uma espécie de “oásis”, o paraíso para os alunos, onde eles vão poder brincar, escolher, arriscar e viver uma experiência de ensino-aprendizagem muito distinta daquela que tiveram até então na sala de aula regular. E como funciona o GAPES?

PATHOS / V. 04, n.02, 2016 12

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Sala de aula tradicional