Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 3º Volume | Page 20

A oportunidade de trabalhar, como docente, a temática do álcool e das outras drogas, na perspectiva da Redução de Danos, no curso oferecido pela Escola Municipal de Saúde (EMS) para Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Enfermeiros da Atenção Básica em Saúde do município de São Paulo, permitiu verdadeiras trocas de saberes e experiências. Nesse sentido, vale ressaltar o método freiriano adotado pela escola, centrado na problematização, na construção coletiva de conhecimentos e saberes e na formulação de estratégias de ação, criando um espaço potencial para mudanças de posição (ética, política e clínica) de alunos-trabalhadores e docentes-mediadores.

A experiência com o método na proposta do curso, inserido no âmbito da Educação Permanente em Saúde (prevista pelo SUS), esteve para além de uma transmissão meramente conceitual ou da aplicação vertical de uma política de saúde. A estratégia adotada no âmbito do curso permitiu fomentar debates, reflexões críticas e a produção coletiva de conhecimentos, mantendo o valor das tensões e os desafios que permeiam o tema do álcool e das outras drogas.

O curso da EMS foi fundamentado em três eixos principais: a sala de aula e a relação com e entre os alunos, a articulação com as escolas regionais de saúde, os territórios e o espaço dedicado às trocas entre os docentes e a supervisão. Neste momento, ao tomar uma distância do percurso, é possível dizer que foi justamente a articulação desses três eixos que permitiu que o trabalho não somente pudesse acontecer, mas que pudesse ser avaliado positivamente.

PATHOS / V. 03, n.02, 2016 19

Agente Comunitário de Saúde (ACS) durante visita a uma mulher em situação de rua, grávida e usuária de drogas. São Paulo (SP), 2015. Os ACSs foram um dos públicos-alvo do curso oferecido pela Escola Municipal de Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo.

Foto: Cristiane Guterres

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