Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 2º Volume | Page 21

PATHOS / V. 02, n.01, 2015 20

Talvez mesmo que ofertadas as oportunidades alguns a rejeitariam, mas será que de fato estamos ofertando?

A importância da oferta de oportunidades, de maneira digna como defende nossa constituição federal, vai no sentido de ofertar escolhas, ou seja, uma vez possuidor de oportunidades, o jovem poderá de fato escolher o que deseja, e ai sim também poderá ser responsabilizado por suas escolhas ou não escolhas. Agora, quando o crime, para uma boa parcela de adolescentes parece ser o único caminho, fica mais difícil, responsabilizá-lo e cobrá-lo de algo, mesmo havendo a necessidade.

A partir de tudo isso me pergunto: E esses jovens, Quem são eles? Qual sua cor de pele? O que pensam e sentem? Será que possuem o direito de pensar e sentir? Será que de fato existem como cidadãos? O que estão buscando com isso? Será que ainda possuem a esperança trazida nas palavras de Winnicott?

Uma campanha se inicia no Brasil buscando trazer luz aos fatos envolvendo os jovens brasileiros e sua vulnerabilidade, uma forma talvez de minimizar essa invisibilidade, a campanha traz a seguinte situação:

Um jovem negro sai de casa. Na rua, no baile, na quadra, no ônibus, encontra amigos invisíveis. As roupas, a pipa, os fones e a bola se movem sem que se veja quem está ali. Correria, gritaria, um tiro. O jovem cai. Assim o vídeo de lançamento da campanha “Jovem Negro Vivo”, da Anistia Internacional, alerta para um problema antigo, mas ainda invisível para a maioria da sociedade: os homicídios de jovens negros no Brasil. (Jornal: O Globo, 2015)