O reencontro da esquerda democrática e a nova política | Page 98
Apesar de sua atual hegemonia interna conservadora, o
PMDB está situado no campo democrático e, por isso, não deve ser
necessariamente excluído de um governo de centro-esquerda.
Ademais, ainda é uma das maiores forças no Congresso. Porém,
sua participação deve ser em outros termos. Num governo de coalizão democrática, cujos pilares devem estar assentados em partidos
como PSB, PPS, Rede, PV, PDT, PSDB e até mesmo PT, a influência das correntes internas conservadoras do PMDB será reduzida,
inclusive pelo fortalecimento das alas mais progressistas, abertas a
um projeto democrático de desenvolvimento nacional.
O PT de hoje
O PT surgiu como um partido de sociedade, com base nos
movimentos sociais. Mas o PT se transfigurou num partido de
características de partido de Estado.
O atual bloco de poder se constituiu como Estado de compromisso entre diferentes classes e setores sociais, em que os movimentos sociais foram cooptados e incorporados à máquina estatal.
A negociação do conflito social deixou de se realizar principalmente no âmbito da sociedade civil ou das suas agências de intermediação mais legítimas, como os partidos e o Congresso Nacional,
para se efetivar na esfera do Executivo central.
Ainda que mantenha vínculos com movimentos sociais sob
seu controle, o partido se vê diante de uma contradição. Se mobiliza a sociedade numa pauta reformista, pode pôr em risco a sustentação do atual bloco de poder, predominantemente conservador.
Assim, o atual bloco de poder, cujo eixo está na aliança
PT-PMDB, somado aos partidos fisiológicos, tem baixa energia
reformista. Antes, tem se mostrado refratário às reformas democratizantes do Estado, da sociedade e do mercado.
Muitos analistas constatam que, após a desintegração da
antiga União Soviética, no início dos anos 1990, o PT, em especial
a sua maior corrente, a Articulação, experimentou um processo de
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O reencontro da Esquerda Democrática e a Nova Política