O reencontro da esquerda democrática e a nova política | Page 94

Anthony Garotinho, candidato pelo PSB, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno com 17,87%, apoiou Lula no segundo turno, posição também assumida pelo PPS e pelo PDT que, juntamente com o PTB, haviam lançado o nome de Ciro Gomes e obtido 11,97% dos votos no primeiro turno. O presidencialismo de coalizão Lula iniciou seu governo, em 2003, aprofundando um modelo que muitos cientistas sociais passaram a definir como presidencialismo de coalizão. Tal modelo teria como característica fundamental o fato de o partido do presidente da República ser minoritário no Congresso Nacional, obrigando-o a um loteamento do governo com forças políticas heterogêneas, muitas delas conservadoras e patrimonialistas, que se utilizam do Estado para o atendimento de sua clientela e assim se reproduzirem politicamente. Somada a essa característica, convém observar a condução da política de alianças no governo Lula. O texto do jornalista Cláudio de Oliveira “A visão instrumental das alianças” analisa: Lula entrega 20 ministérios para o PT e um para cada partido aliado. Apesar de ter 60% dos ministros, o partido tem apenas 20% das cadeiras no Congresso Nacional. Leonel Brizola (...), menos de 3 meses após a posse do novo governo, rompe com ele, (...) acusa Lula e o PT de não discutirem a política econômica, o cumprimento do acordo com o FMI, as medidas de austeridade e de cortes de gastos públicos, inclusive sociais, implantadas pelo então ministro da Fazenda Antônio Palocci, e se coloca contrário à reforma da Previdência do setor público, proposta pelo governo. Também o PPS discorda da política econômica ortodoxa de então, propõe uma reorientação do modelo e igualmente reclama que a agremiação não fora consultada na hora de escolher o representante partidário no ministério. Em dezembro de 2004, deixa o governo, após tentar em vão, durante semanas, marcar audiência com o presidente da República para entregar-lhe e discutir o documento partidário “Sem mudança não há esperança”, e passa para a oposição. 92 O reencontro da Esquerda Democrática e a Nova Política