O reencontro da esquerda democrática e a nova política | Page 90
governadores, Franco Montoro (SP), Leonel Brizola (RJ), Tancredo
Neves (MG), José Richa (PR) e Iris Rezende (GO), tiveram papel
fundamental na articulação das grandes mobilizações populares
pelas diretas, em 1983/84, e na campanha de Tancredo Neves, em
1984/85, manifestações que levaram a ditadura (1964-1985) ao fim.
As críticas e a oposição petista de caráter moralista à sua
administração no Rio de Janeiro, levaram a que Leonel Brizola
apelidasse o PT de “a UDN de macacão”, numa alusão ao antigo
partido de centro-direita que, além de golpista, ficou conhecido
pelo falso moralismo, com denúncias de corrupção contra os presidentes Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek.
Franco Montoro, eleito governador de São Paulo, organizou
um governo de coalizão que expressou a pluralidade das forças
democráticas de oposição. Personalidades de centro-esquerda,
como o socialista histórico Rogê Ferreira, fizeram parte do seu
secretariado. Montoro nomeou Mário Covas prefeito de São Paulo,
cujo secretário de Cultura, Gianfrancesco Guarnieri, era vinculado
ao então clandestino PCB. Não fora a primeira vez e m que Franco
Montoro disputara uma eleição para o Executivo. Em 1965, foi
candidato a prefeito de São Paulo pelo Partido Democrata-Cristão
em coligação com o PSB, que indicou para a vice o vereador David
Lerer. Entre seis candidatos, Montoro ficou em quarto lugar.
O eleito foi Faria Lima, da UDN. (11)
O PT fez oposição também a governos democráticos de
centro-esquerda, como o de Waldir Pires, na Bahia, e o de Miguel
Arraes, em Pernambuco, ambos eleitos em 1986. No terceiro
mandato de Arraes, em 1994, já pelo PSB, militantes ultraesquerdistas entoaram o desrespeitoso e sectaríssimo coro “Arraes, velho
e caduco, você é o Pinochet de Pernambuco”, num desprezo à longa
história de lutas do então octogenário governador.
Mesmo com o fim da ditadura, em 1985, o PT manteve a sua
política de alianças restrita, apenas ampliada com o PCdoB e PSB,
na eleição presidencial de 1989; com o PPS, na eleição de 1994; e,
com o PDT, na eleição de 1998, sendo derrotado em todas elas.
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O reencontro da Esquerda Democrática e a Nova Política