O reencontro da esquerda democrática e a nova política | Page 89
condenar ao gueto político, de querer se distanciar do universo
das forças democráticas, de não ser uma parte ativa e um
elemento propulsor dessas forças. Mas acho que eles já começam a ver isso também. Há uma contradição, hoje, no PT, há
muita discussão. Pelo que se nota, inclusive na imprensa, a
questão da democracia também começa a preocupar o PT. O
livro do professor Francisco Weffort, por exemplo, sobre democracia, tem muito dessas ideias que eu procurei defender aqui.
Então, neste momento, muita gente do PT tem noção disso. No
entanto, também há correntes que pensam o contrário, correntes radicais, dogmáticas, ortodoxas, que forçam muito o partido
a essa posição excludente e exclusivista, a essa posição de
querer ser sempre o diferente: uma posição que privilegia a
democracia social em detrimento da democracia política, ou
melhor, que ignora o nexo dialético entre uma e outra. (10)
A forte tradição do pensamento leninista arraigado em setores da esquerda brasileira talvez explique as dificuldades do PT com
a política institucional, com o diálogo com outras forças políticas
democráticas e reformistas, a sua política de alianças estreita e
excludente, expressa no lema eleitoral do partido em 1982, “vote 3,
o resto é burguês”.
Uma política de aliança estreita
Para grande parte das correntes petistas, a frente política
por elas defendida era o PT, o partido-frente de esquerda. Ali estava o limite da frente. Para além dele estava um campo inimigo a ser
combatido. Eram adversários não só o PDS, partido da ditadura,
como também os demais “partidos burgueses” como o PDT e o
PMDB, ainda que este último, àquela altura, ainda tivesse um
caráter de frente, com a participação de liberal-democratas, como
também comunistas, socialistas e socialdemocratas.
Com tal visão estreita de alianças, o partido colocou-se contrário aos governos democráticos de oposição eleitos em 1982, cujos
A política de alianças do PT e seu hegemonismo
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