O reencontro da esquerda democrática e a nova política | Page 73

próprias forças. A partir de 2011, experimentamos uma taxa de crescimento do PIB inferior à dos anos 1990, quando o país vivia uma situação crítica herdada da recessão dos anos 1980, ainda promovia o ajuste fiscal, lutava contra a alta inflação, sofria com a falta de reservas cambiais e concluía a renegociação da dívida externa com os credores internacionais. A atual crise revela, assim, o esgotamento, o conservadorismo e a incapacidade de promover as reformas necessárias ao país por parte do atual bloco de poder e do velho quadro de alianças. É preciso, pois, destravar o atual sistema de alianças estabelecido a partir das eleições de 1994, com a vitória do bloco PSDB-PFL, e que se cristalizou com a substituição no poder por um polo oposto a partir de 2005, a aliança do PT-PMDB e forças políticas conservadoras, como o PP, PR, PRB, e mais de uma dezena de outros partidos. A crise econômica, a obstrução de reformas pelo bloco de poder, as manifestações de junho, bem como o realinhamento de forças promovido pelo PSB/Rede-PPS e personalidades dissidentes como os senadores Cristovam Buarque e Pedro Taques, do PDT, Jarbas Vasconcellos e Pedro Simon, do PMDB, põem em xeque não só a continuidade do atual governo, como também a capacidade do PT de liderar democraticamente o campo da esquerda e promover reformas democráticas e progressistas para o país. Quais são as chances desse novo bloco da esquerda democrática agregar as oposições e dissidências, conquistar a confiança dos eleitores no próximo pleito presidencial e chegar ao segundo turno? O poder de agregação da aliança PSB/Rede-PPS A aliança “Unidos pelo Brasil” pode crescer nos centros urbanos e nos setores de classe média, local e segmento das manifestações que explodiram desde junho de 2013. No Rio de Janeiro, por exemplo, a chapa poderá ser encorpada, no segundo turno, com o apoio do PSDB e das defecções do governismo. Em São Paulo, o apoio de algumas personalidades, como a ex-prefeita Luiza Erundina, poderá ter grande força simbólica e eleitoral, As chances da esquerda democrática 71