O reencontro da esquerda democrática e a nova política | Page 55

E assim, o PCB adotou uma postura construtiva ao apresentar um plano de medidas de emergência para a crise brasileira, apesar de suas divergências e críticas ao governo de transição democrática. Tal postura contrastava com a de outros setores de esquerda, entre eles o PT, que lançaram o slogan golpista “Fora Sarney”, contestando a legitimidade do mandato do presidente que lhe fora conferido pelo poder constituinte. Tais setores fizeram uma dura oposição a Sarney de caráter economicista e desprezaram os avanços institucionais conquistados, apresentando propostas irreais como o rompimento do Brasil com o sistema financeiro, bem como priorizando denúncias de corrupção. A eleição presidencial de 1989 Foi nesse quadro conturbado que se realizou a eleição à Presidência da República. Usando também um discurso moralista, o candidato de centro-direita Fernando Collor de Mello venceu o pleito. No primeiro turno, Collor, do recém-criado Partido da Reconstrução Nacional (PRN), obteve 28,5% dos votos. O PSB integrou a coligação Frente Brasil Popular, juntamente com o PT e o PCdoB, em torno de Lula, que ficou em segundo, com 16,08%. Leonel Brizola (PDT) obteve 15,45%; Mário Covas (PSDB), 10,78%; Paulo Maluf (PDS), 8,28%; Guilherme Afif Domingos (PL); 4,53%, Ulysses Guimarães (PMDB); 4,43%, Roberto Freire (PCB), 1,06%; Aureliano Chaves (PFL); 0,83%, Ronaldo Caiado (PSD), 0,68%; Affonso Camargo Neto (PTB), 0,52%; Fernando Gabeira (PV) 0,17%, entre outros. A crise econômica e social favoreceu a polarização política entre os extremos. Assim, Collor e Lula conseguiram passar para o segundo turno. O PCB defendeu a unidade de todos os setores democráticos em apoio ao candidato petista no segundo turno. Mas, persistindo na sua incompreensão de alianças amplas, o PT recusou o apoio de Ulysses Guimarães e do PMDB a Lula. O PMDB então era um partido centrista, no qual líderes de perfil O golpe de 1964, a Frente Democrática e a autocrítica do golpismo 53