O reencontro da esquerda democrática e a nova política | Page 54
Alguns setores de esquerda, todavia, interpretaram erroneamente aquele momento político. O PT votou contra a nova Carta e só
a assinou depois de pressionado. Chegou a considerá-la reacionária,
porém posteriormente mudou de posição e passou a defendê-la.
Nas comemorações dos 25 anos da nova Constituição, em
2013, Lula admitiu que o projeto apresentado pelo PT, durante os
trabalhos constituintes, teria deixado o Brasil “ingovernável”. (28)
O plano de emergência para a crise brasileira
O PCB soube preservar sua política de alianças durante os
trabalhos da Constituinte, que se realizaram em meio a uma
complexa crise política, econômica e social.
Desde 1981, o Brasil vivia um quadro de estagnação, juros
altos, sangria pelo pagamento dos juros da dívida externa e um
grave processo inflacionário. O presidente Sarney tentou, sem
sucesso, conter a inflação com o Plano Cruzado. Sem moeda forte
em caixa para arcar com os juros da dívida externa, o governo
suspendeu o seu pagamento. Enfraquecido politicamente pela sua
baixa popularidade e com o seu partido dividido, Sarney enfrentou
dificuldades para combater a crise.
O PCB entendia a necessidade de enfrentar a crise econômica e social, sobretudo para evitar mais sofrimentos para os brasileiros, como também por duas outras questões fundamentais
dentro da sua estratégia democrática:
1) Assegurar os trabalhos do Congresso Constituinte
e a unidade das forças democráticas, de modo a permitir
conquistas
democráticas
e
sociais
avançadas
na Constituição;
2) Garantir o calendário eleitoral, com a primeira eleição
direta para presidente da República, marcada para
novembro de 1989, bem como possibilitar ambiente
propício ao debate sereno dos rumos do país.
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O reencontro da Esquerda Democrática e a Nova Política