O reencontro da esquerda democrática e a nova política | Page 53

Os que defendiam o parlamentarismo cometeram um equívoco ao não admitir, em nenhum momento, e esse momento existiu, uma negociação no sentido de manter o mandato presidencial tal como estava, nos cinco anos, e uma discussão do sistema parlamentarista, depois do final do mandato. Por conta da pressão do PT em favor dos quatro anos e de certo “patrulhamento”, essa oportunidade foi perdida. Curioso é que o compromisso da Aliança Democrática era de que o mandato do presidente eleito indiretamente pelo Colégio Eleitoral fosse de 4 anos. Mas a ala conservadora da Constituinte, o “Centrão”, ligada ao presidente Sarney, votou pelos 5 anos, afinal aprovados pela maioria dos parlamentares. Esse erro foi reconhecido, sobretudo pelos líderes Mário Covas e Roberto Freire, de não terem feito aquele acordo, sem o qual o político maranhense ganhou mandato de cinco anos e permaneceu o presidencialismo. Pelos 4 anos votaram PCB, PSB, PT, PDT, PCdoB e setores da ala progressista do PMDB, que deixaram o partido para fundar o PSDB. A Carta mais democrática De todo modo, a Constituição de 1988 foi uma grande vitória das forças democráticas e uma comprovação de que a política de alianças da Frente Democrática, por meio do bloco de centro-esquerda na Constituinte, se mostrava adequada à realidade brasileira e promovia avanços importantes para o país. Esta Carta é a mais democrática e a mais socialmente avançada desde a República fundada em 1889. Trouxe elementos inovadores importantes, como instrumentos de democracia participativa ao estabelecer os projetos de iniciativa popular, fundamental para que, anos mais tarde, fosse aprovada a Lei da Ficha Limpa, impedindo condenados em segunda instância de se candidatarem. Também a nova Constituição deu novos poderes e autonomia ao Ministério Público, que tem tido um papel relevante no aperfeiçoamento das instituições e no combate à corrupção. O golpe de 1964, a Frente Democrática e a autocrítica do golpismo 51