O reencontro da esquerda democrática e a nova política | Page 52

No plano das garantias sociais, a Constituinte travou duras batalhas no plenário, com vitórias expressivas do bloco de centro-esquerda, como a redução da jornada de trabalho de 48 para 44 horas semanais e a aprovação da licença-maternidade de 120 dias e a licença-paternidade de cinco dias. Para o aposentado foram estabelecidos o piso do salário-mínimo e o 13º salário. Os direitos previdenciários foram estendidos ao homem do campo. Os constituintes também criaram a Lei Orgânica de Assistência Social (Loas) que garante a todos os brasileiros idosos, em situação de miserabilidade, o direito a um subsídio mensal equivalente ao valor do salário mínimo. Além disso, definiram a obrigatoriedade de acesso de todas as crianças à educação fundamental e de todos os brasileiros à saúde, criando o sistema único de saúde pública, o SUS, entre outros direitos sociais. No capítulo referente à economia, o bloco de centro-esquerda fez aprovar importantes institutos de defesa da economia nacional. O setor estatal em áreas estratégicas foi mantido e a empresa de capital nacional foi prestigiada. A função social da propriedade foi aprovada. A derrota do parlamentarismo e os cinco anos de Sarney O maior revés do bloco de centro-esquerda, no processo constituinte, foi a manutenção do sistema presidencialista, comprovadamente um fator de impasses, de processos antidemocráticos, como há muito vivenciamos. O PCB e o PSB eram os grandes defensores do parlamentarismo, ao lado do PCdoB e dos progressistas do PMDB, muitos dos quais fundaram o PSDB, em 1988. A ala conservadora do PMDB e a maioria do PFL votaram pelo presidencialismo, pois temiam a perda de poderes do presidente Sarney. PT e PDT também se posicionaram pela manutenção do atual sistema, pois acreditavam ser o parlamentarismo uma manobra para evitar a eleição à Presidência da Republica de seus respectivos presidentes, Lula e Leonel Brizola. 50 O reencontro da Esquerda Democrática e a Nova Política