O reencontro da esquerda democrática e a nova política | Page 45
A tarefa de renovação democrática, implicando a crescente
socialização da política, a incorporação permanente de novos
sujeitos individuais e coletivos ao processo de transformação
social, não poderá ser obra de um único partido, de uma única corrente ideológica e nem mesmo de uma só classe social.
É tarefa que deve envolver a participação de múltiplos sujeitos
sociais, políticos e culturais. Como a autonomia e a diversidade
desses sujeitos deverão ser respeitadas, a batalha pela unidade – uma unidade na diversidade – torna-se não apenas um
objetivo tático imediato na luta pelo fim do atual regime, mas
também um objetivo estratégico no longo caminho para ‘elevar
a nível superior’ a democracia. (24)
A extinção do PSB e o surgimento do MDB
Com o Ato Institucional nº 2, o AI-2, todos os partidos políticos brasileiros foram extintos, entre eles o PSB. Foi estabelecido
um sistema bipartidário, com um partido de apoio à ditadura, a
Aliança Renovadora Nacional, Arena, e outro de oposição, o Movimento Democrático Brasileiro, o MDB.
As lideranças ligadas ao PSB também foram perseguidas e
tiveram seus direitos políticos suspensos. O governador deposto
de Pernambuco, Miguel Arraes, foi para o exílio na Argélia. Assim
como o PCB, a grande maioria dos socialistas refutou a luta armada e defendeu uma resistência pacífica e democrática à ditadura.
Dessa forma, os remanescentes do PSD, PTB, PSB e PCB
participaram da fundação do MDB, que passou a disputar os espaços legais e institucionais existentes com o partido do regime ditatorial. Entretanto, setores de extrema-esquerda pregaram o voto
nulo e o voto em branco, o que facilitou a vitória da Arena nas eleições de 1970.
Apesar das dificuldades, em 1974, o MDB lançou candidatos
a presidente e a vice Ulysses Guimarães e Barbosa Lima Sobrinho,
este último ex-deputado do PSB, em eleição indireta para a Presidência da República. Mesmo sem a menor chance de vitória, em
um Congresso de maioria governista, os “anticandidatos” percorO golpe de 1964, a Frente Democrática e a autocrítica do golpismo
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