O reencontro da esquerda democrática e a nova política | Page 43

por uma via democrática e pacífica e que lançasse o Brasil em um desenvolvimento econômico soberano. O caminho democrático, o golpismo de esquerda e a subestimação do Parlamento Desse modo, o caráter das transformações buscadas pelo PCB passou a ser primordialmente democrático. Como o regime ditatorial aliou-se aos grandes grupos transnacionais, subordinando a economia brasileira a estes, o PCB também dava um caráter nacionalista à sua luta. Ademais, a falta de democracia com a proscrição dos partidos que representavam os interesses dos trabalhadores, entre os quais o PCB se incluía ao lado do PTB e do PSB, bem como a intervenção nos sindicatos e a repressão aos movimentos sociais, levaram a que a modernização e o crescimento do ”milagre econômico” fossem socialmente perversos, excluindo da riqueza nacional amplos setores da população. Na visão do PCB, a frente política que deveria lutar pela redemocratização do país e pela mudança do modelo econômico antinacional e antissocial deveria ser uma Frente Democrática, na qual estivessem não somente os setores socialistas, como também socialdemocratas e liberal-democratas interessados no restabelecimento do Estado de Direito. Assim, a centralidade da luta pela democracia passou a definir a ação do PCB e a sua política de alianças. Em 1979, Carlos Nelson Coutinho, então um intelectual militante do PCB, fez uma lúcida análise dos equívocos de setores da esquerda que subestimavam a ação por dentro das instituições da democracia representativa e buscavam atalhos por fora dela: As forças populares devem estar permanentemente em alerta contra as tentações do ‘golpismo’, o qual – mesmo quando se apresenta sob vestes falsamente progressistas – não faz senão repetir, com sinal trocado, os procedimentos elitistas que caracterizam a ‘via prussiana’. O golpe de 1964, a Frente Democrática e a autocrítica do golpismo 41