O reencontro da esquerda democrática e a nova política | Page 33
jamos, como defensores da Constituição, que ele se mantenha na
Presidência da República até o fim de seu mandato. E assim desejamos porque, como socialistas democráticos, somos contrários a
qualquer golpe, a qualquer ditadura, a qualquer substituição de
governo que implique retrocesso político, mas exigimos dos poderes constituídos a punição de todos os corruptores e dilapidadores
da fortuna pública”. (19)
No dia seguinte ao suicídio de Vargas, em 24 de agosto de
1954, o Imprensa Popular, periódico legal que defendia as posições do PCB, foi queimado nas ruas por uma multidão enfurecida.
O jornal comunista acusava o presidente da República de representar interesses dos grandes grupos econômicos e financeiros
internacionais. Vargas esteve sob uma avassaladora pressão das
forças conservadoras, em especial da UDN, e na noite que o levou
ao suicídio, em reunião ministerial de emergência, fora instado
pelos chefes militares a renunciar.
A eleição presidencial de 1955
e a Declaração de Março de 1958
O PCB percebeu o seu sectarismo e iniciou um processo de
autocrítica. E, já na eleição presidencial seguinte, apoiou a candidatura de Juscelino Kubitschek, da coligação PSD-PTB, vitorioso
com 35,68% dos votos. O PSB firmou aliança com a UDN e seu
candidato, Juarez Távora, que ficou com 30,27%; Adhemar de
Barros, do PSP, alcançou 25,77%, e Plínio Salgado, do PRP, 8,28%.
A partir de então, saiu da clandestinidade e passou por um período
de semilegalidade.
As denúncias dos crimes de Stalin e do “partido sectário”
feitas por Kruschev, mais o suicídio de Getúlio, obrigaram o PCB à
autocrítica, ao abandono de dogmas e de modelos pré-estabelecidos, ao estudo da realidade brasileira e à reformulação de sua política. Assim, depois de intenso debate interno, ainda que limitados
ao Comitê Central, veio a público a Declaração de Março de 1958.
A Frente Nacionalista e os eventos dos anos 50
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