O reencontro da esquerda democrática e a nova política | Page 28
na administração municipal, consagrando-se a meritocracia e não
o peso de quem indica o servidor, como é hoje o dominanteno país.
Em 1954, assumiu o governo estadual o general Cordeiro de
Farias, cuja polícia reprimiu fortemente os comunistas. (15) Ele fez
aprovar um escorchante Código Tributário, cuja oposição a ele uniu
a Associação Comercial, sob influência da UDN, e as esquerdas.
Formou-se, assim, a coligação Oposições Unidas, que disputou o pleito estadual em 1958, numa composição entre PCB, PSB,
PTB, PSP, PTN e UDN. Como candidato a governador foi indicado
Cid Sampaio, da UDN, usineiro e presidente do Centro das Indústrias de Pernambuco, favorável a uma política desenvolvimentista
e de industrialização.
O êxito da administração de Pelópidas da Silveira elevou o
prestígio da Frente do Recife. Dessa forma, seu nome foi indicado
para vice-governador, na chapa com Cid Sampaio. Estava formada
uma ampla frente de forças centristas com forças de esquerda
contra o escorchamento tributário e a violência policial. A chapa
contou com o apoio do ex-governador Barbosa Lima Sobrinho que,
àquela altura, elegera-se deputado federal pelo PSB.
Conta o escritor e dirigente comunista Paulo Cavalcanti
que “a 2 de junho, no largo da feira, em Casa Amarela, bairro
popular e reduto eleitoral da F rente do Recife, iniciou-se a campanha de Cid-Pelópidas. Nesse comício, falou o ex-deputado Gregório Bezerra, que, a partir daí, seria um dos oradores mais assíduos
e mais aplaudidos” (16). Em setembro, a campanha contou com a
presença de Luíz Carlos Prestes, o então secretário-geral do PCB.
Segundo Cavalcanti, “o tema que mais apaixonou as massas
populares foi o do desenvolvimento econômico do Nordeste e seus
entraves”. Cid Sampaio venceu, em todo o estado, com 59,7%, e
não perdeu em nenhuma urna do Recife. O seu adversário Jarbas
Maranhão, do PSD, ficou com 40,3% dos votos.
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O reencontro da Esquerda Democrática e a Nova Política