O reencontro da esquerda democrática e a nova política | Page 23
O levante de 1935
Prestes, que se ligara ao PCB e retornara clandestinamente
do exílio em Moscou, seguindo orientação partidária, tornou público manifesto em que propôs a derrubada de Vargas e a “entrega de
todo poder à ANL”. Os dirigentes não-comunistas da organização
foram surpreendidos pelas propostas do manifesto, que serviram
de pretexto para Vargas colocar a ANL na ilegalidade.
Os socialistas defenderam, então, que a ANL lutasse pela
reconquista do seu registro legal e que atuasse nos marcos da
Constituição de 1934. No entanto, sem maiores discussões, o PCB
articulou um levante militar contra o governo, facilmente reprimido (em Natal, Recife e uma guarnição no Rio de Janeiro).
O PCB era, nesse período, um partido stalinista e de visão
autoritária das alianças políticas. Acreditava ser a única força política de esquerda a defender coerentemente os trabalhadores e que
os demais partidos deveriam se subordinar à sua liderança.
Influenciado pela Revolução Russa de 1917, defendia a tomada do
poder por uma via armada insurrecional, tendência reforçada pela
entrada no partido dos militares acostumados ao pronunciamento
das armas, como os levantes tenentistas de 1922, 1924, 1930, e as
sublevações nos quartéis entre 1931 e 1932.
As posturas de Cristiano Cordeiro
e João Mangabeira
Mas nem todos os comunistas concordaram com o levante.
Entre eles, Cristiano Cordeiro. Contatado para organizar a revolta
em Pernambuco, foi contrário à ação armada. Para ele, isolado da
população, o movimento seria tão somente uma ação de quartel,
promovida pelo setor militar do PCB (9). Cristiano foi expulso das
fileiras partidárias, em 1947, e reabilitado apenas em 1979, aos 84
anos de idade.
Apesar da crítica à precipitação dos comunistas, os líderes
socialistas não faltaram com a solidariedade ao PCB e se posicionaA Aliança Nacional Libertadora
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