O reencontro da esquerda democrática e a nova política | Page 156

eleitor. Isto é, os partidos se apresentam de forma independente nas eleições e só posteriormente, de acordo com os resultados e, portanto, com o número de deputados e a real força de cada grupo parlamentar, os partidos entram em negociação. Todavia, cabe sempre ao partido majoritário saído das urnas a tarefa de formar o governo. O parlamentarismo não está livre de negociações fisiológicas, mas o processo de composição do governo é mais transparente, inibindo alianças sem maiores identidades programáticas. Cabe destacar mais uma vantagem do parlamentarismo. Nesse sistema, um governo não tem prazo de validade. Uma vez perdida a maioria no Congresso, um governo pode ser substituído a qualquer momento, após um voto de desconfiança. Uma nova maioria é obtida e um novo gabinete é formado. Caso não se obtenha a maioria no Congresso, as eleições são antecipadas e os eleitores são convocados para definir uma nova maioria. Igualmente, um governo que tem a maioria parlamentar e a confiança da maioria dos eleitores pode ser renovado indefinidamente a cada quatro anos pelas urnas. Por exemplo, na Alemanha, onde vigora o parlamentarismo, o governo do ex-primeiro-ministro democrata-cristão Helmut Kohl durou 16 anos, de 1982 a 1998, período em que seu partido venceu todas as eleições parlamentares. O fato de no parlamentarismo o governo não ter um mandato com um tempo fixo estritamente, traz ganhos para o país ao aproveitar a experiência política e administrativa dos seus líderes. Igualmente, um governo que não atende às expectativas dos eleitores poderá ter o seu mandato abreviado, sem crises institucionais. Outras reformas políticas Um dos argumentos contrários ao parlamentarismo no Brasil é o de que a sua adoção seria temerária com os atuais partidos. Porém, o nosso presidencialismo é uma das causas da situação do quadro partidário do presente. Com a permanência do atual 154 O reencontro da Esquerda Democrática e a Nova Política