O reencontro da esquerda democrática e a nova política | Page 151
(53). Para tais analistas, a proposta de financiamento público
exclusivo, por parte do então presidente, era também uma resposta política às denúncias do mensalão, cuja ação penal estava prestes a ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal.
De todo modo, a reforma política mobilizou os partidos e
setores da sociedade civil, que também apresentaram suas sugestões (54). Quanto ao financiamento público de campanha, o PPS
apresentou projeto favorável. Mas a proposta que pareceu mais
realista foi apresentada pela ONG Transparência Brasil, defensora
de um sistema misto de financiamento público e privado, com um
teto limite para as doações de empresas. (55)
O PT e o governo não foram capazes de articular um consenso com o objetivo de realizar a reforma política. Com sua visão de
colocar o tema também no campo da disputa política, o governismo não buscou uma negociação ampla, seja com a oposição, que
conta com apenas 20% dos congressistas, seja mesmo com os
partidos aliados, entre eles o PMDB. (56)
A reforma política foi motivo de atrito entre os dois maiores
partidos aliados e até mesmo de divisão interna no PT. A direção
do partido desautorizou o deputado Cândido Vacarezza, ligado a
Lula, que entrou em conflito com Henrique Fontana, o representante petista e relator na comissão da reforma política na Câmara
dos Deputados. (57)
A Constituinte exclusiva
Contrariando a promessa inicial de que o Executivo não se
envolveria nas articulações da reforma política, a presidente Dilma
Rousseff, durante as manifestações de junho de 2013, propôs a
convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte com o objetivo exclusivo de fazer mudanças no sistema político.
Tirada do colete, depois de reunião de emergência entre o
núcleo político do governo e o setor de marketing, tratava-se de
uma resposta às manifestações que evoluíram de atos contra o
A democratização do sistema político
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