O reencontro da esquerda democrática e a nova política | Page 147

movimentos sociais, que, cooptados e atrelados, são menos influentes para mobilizar a sociedade. O atual sistema presidencialista, conveniente ao projeto hegemonista do PT, pouco fez para a democratização, o controle público e a transparência do Estado brasileiro. As iniciativas importantes tiveram sua origem na sociedade civil, na ação do Ministério Público e pela pressão de setores da oposição no Congresso. Foram os casos da Lei da Ficha Limpa e dos projetos de transparência e de acesso à informação. Ao longo do seu mandato e dando continuidade ao esquema montado por Lula, a presidente Dilma Rousseff administrou sua base parlamentar, majoritariamente fisiológica, à base de liberação de verbas para as emendas parlamentares e de distribuição de cargos, continuando o aviltamento do Congresso no seu papel de palco privilegiado de debates e decisões dos grandes temas nacionais. Assim, o país assistiu a uma centralização que levou muitos analistas a comparar o atual modelo de administração ao da época da ditadura, em especial ao período autoritário do general Ernesto Geisel (1974-1979), de forte intervenção estatal, sem discussões com a sociedade. A improvisação e o curto prazo Reformas estruturais de longo prazo, necessárias ao desenvolvimento sustentável, foram postergadas no correr da década passada. Diante da realidade de crise econômica e de uma concepção de poder autoritária, o governo Dilma Roussef centralizou as decisões econômicas. A ideia de uma necessária reforma tributária, mesmo fatiada, foi substituída por desonerações e subsídios a setores da economia, decididas arbitrariamente pela administração federal, sem maiores debates no Congresso, e com resultados pouco relevantes para sustentar o crescimento do país e melhorar as condições de vida dos brasileiros. A crise do presidencialismo de coalizão 145