O reencontro da esquerda democrática e a nova política | Page 143

ções de poder, coube ao PMDB as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Mesmo no início do primeiro mandato de Lula, o PT comandou a Câmara, porém não significou necessariamente melhorias nos costumes políticos. Foi nessa época que estourou o escândalo do mensalão e o então presidente da casa, o deputado petista João Paulo Cunha, foi um dos condenados pelo STF por corrupção passiva e desvio de R$ 1 milhão da Câmara para abastecer o esquema de compra de apoio parlamentar. O primeiro ano do governo Dilma foi marcado pela chamada “faxina ética”, depois que surgiram na imprensa denúncias de desvio de verba pública envolvendo ministros e assessores, a maioria dos quais remanescentes do governo Lula (45). O caráter patrimonialista e atrasado do presidencialismo de coalizão ficou exposto. As denúncias envolviam não só ministros ligados aos partidos fisiológicos, como também aqueles considerados mais programáticos (46). Elas demonstravam que a utilização dos fundos públicos ou o tráfico de influência não estavam restritos ao financiamento ilegal de atividades partidárias, mas também a suspeitas de enriquecimento pessoal. (47) As mudanças dos titulares nos ministérios, sem alterar as bases do presidencialismo de coalizão, pouco modificaram a situação política e administrativa do governo. A essência do modelo é que a coalizão não estava montada a partir de um programa e de um projeto para o país, mas na divisão da máquina pública para atender interesses partidários e clientelistas. Tal esquema levou ao aprofundamento da ineficiência do Estado brasileiro, da sua captura por interesses privados e particulares em detrimento do seu bom funcionamento e do interesse público. O resultado do presidencialismo de coalizão é a paralisia dos projetos necessários ao país, seja pelo peso da máquina, ao consumir recursos públicos, seja pela ineficiência de sua gestão. Ministérios importantes, muitos deles ligados a áreas vita