O reencontro da esquerda democrática e a nova política | Page 141
somados a setores majoritários do PMDB, formavam maioria. Nas
eleições parlamentares, o resultado foi o seguinte: PT, 91 deputados; no bloco da Oposição: PFL, 84; PMDB, 75; PSDB, 70; PPB,
49. Os demais partidos governistas tiveram desempenho bem
menor: O PL, do vice-presidente José Alencar, 26 deputados; PTB,
26; PSB, 22; PDT, 21; PPS, 12; PCdoB, 6; PV, 5.
Para ampliar a sua base no Congresso, o novo governo incentivou o velho troca-troca partidário, atraindo parlamentares dos
partidos da oposição para partidos governistas, especialmente
para o PTB e o PL. Este último se fundiu ao PRONA para formar o
PR, liderado por Valdemar Costa Neto, condenado, em 2013, pelo
STF, no processo do mensalão. O troca-troca partidário se intensificou e foi usado durante todo o período Lula, que esvaziou a oposição, em especial o PFL, o atual DEM. Um dos últimos lances do
governo Lula foi atrair o apoio do então prefeito de São Paulo,
Gilberto Kassab, que deixou o DEM e, com apoio federal, organizou, em tempo recorde, um novo partido, o PSD, formado em
grande parte por egressos de sua antiga agremiação.
Além de aumentar a sustentação parlamentar do governo, o
aliciamento serviu para contrabalançar o peso do PMDB no governo e no Congresso, que, depois do estouro do escândalo do mensalão, em 2005, passou a ocupar cinco ministérios.
A cooptação de parlamentares continuou no governo Dilma,
que ajudou a organizar o PROS, Partido Republicano da Ordem
Social, ao qual se filiaram o ex-ministro Ciro Gomes e o seu irmão,
o governador do Ceará, Cid Gomes, após ambos deixarem o PSB.
Tal fenômeno de migração partidária trouxe mais uma evidente
desmoralização da democracia e do sistema político, dos partidos
e do Congresso Nacional. (44)
A cooptação de congressistas e a força da máquina pública
para favorecê-los nos redutos eleitorais fizeram Lula garantir sua
base nas eleições parlamentares de 2006. Apesar do escândalo do
mensalão, em 2005, o presidente conseguiu a própria reeleição e
viu os partidos alinhados ao governo manterem suas bancadas,
com algumas pequenas variações.
A crise do presidencialismo de coalizão
139