O reencontro da esquerda democrática e a nova política | Page 133

Medidas nacionalistas, entre elas, a criação de estatais como a Petrobras e a Eletrobras e o monopólio do Estado na área de energia, bem como a taxação da remessa de lucros de empresas estrangeiras, ampliaram os atritos com o governo norte-americano. As relações de Vargas com as Forças Armadas eram difíceis. Ele havia sido deposto pelo Exército em 1945. Militares como o brigadeiro Eduardo Gomes e o general Juarez Távora eram os principais expoentes do partido adversário de Vargas, a UDN. O deputado Carlos Lacerda, um dos líderes udenistas, instrumentalizava a crise entre Vargas e o Exército para tirar dividendos políticos, ao mesmo tempo em que desgastava o governo com denúncias de corrupção. O atentado a Lacerda, que vitimou um oficial militar, precipitou os acontecimentos. No Congresso, Vargas perdia apoio. Instado a renunciar pelos ministros militares, este se suicidou em agosto de 1954. Golpe e contragolpe O vice-presidente Café Filho assumiu o comando do país em meio a uma séria crise política. Filiado ao pequeno PSP, o novo presidente não conseguiu unir a base governista, surgida de uma recomposição partidária com a UDN, que passou a ter predominância no ministério. Os udenistas pressionaram Café Filho para adiar as eleições, mas o calendário eleitoral foi mantido. Na eleição parlamentar de dezembro, a UDN perdeu dez cadeiras na Câmara dos Deputados. A correlação das forças políticas na casa ficou assim: PSD, de 112 para 114 deputados; UDN, de 84 para 74 deputados; PTB, de 51 para 56. PSD e PTB se afastaram do governo e se uniram em torno da candidatura de Juscelino Kubitschek, vitorioso na eleição presidencial de outubro de 1955. A UDN tentou impedir a sua posse, com a alegação de que o candidato do PSD não conseguira a maio- A crise do presidencialismo de coalizão 131