O reencontro da esquerda democrática e a nova política | Page 122
eixos para a construção de um bloco de centro-esquerda capaz de
tornar-se uma alternativa de poder, na disputa presidencial de
1998. Tentativas foram feitas nesse sentido, mas diante dos empecilhos que começaram a ser colocados para a entrada de Ciro no
PSB, a partir da própria direção estadual do Ceará e de algumas
lideranças nacionais dos socialistas, Freire convidou o ex-governador do Ceará para um encontro formal com a direção nacional do
PPS, para que ambos se conhecessem nas ideias que professavam
e nos projetos que alimentavam. Com a crescente identidade revelada em outros encontros com dirigentes e militantes, definiu-se a
saída de Ciro Gomes do PSDB, partido do qual fora fundador, para
o PPS, o que ocorreu no dia 27 de setembro.
No verbete sobre Miguel Arraes, o Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro (embora não revele a fonte), informa que o
então governador pernambucano teria iniciado negociações com
Ciro Gomes (PSDB), a quem oferecera “o ingresso no PSB, que lhe
daria a legenda para disputar a presidência da República”, negociações essas que teriam motivado “críticas do PT, cujo presidente,
José Dirceu, denunciara a operação que o PSB estaria fazendo para
“inviabilizar a frente de esquerda”. (…) Arraes, por seu turno, defendia a formação de uma frente de centro-esquerda e (...) embora
confirmasse que Ciro Gomes, por não ser socialista, decidira não
ingressar no PSB, informou que o PSB estava “procurando uma
saída para ampliar o campo de influência da esquerda e das forças
populares”. Pronunciando-se assim, fazia restrições à eventual
candidatura de Lula, que, no seu entender, não tinha potencial para
crescer fora dos limites da esquerda. Arraes procurou outros nomes
que tivessem esse potencial, fazendo contatos com o governador do
Distrito Federal, Cristovam Buarque (PT), e com o ministro Sepúlveda Pertence, do Supremo Tribunal Federal (STF). (36)
O resultado da eleição demonstrou a correção da análise do
presidente do PSB. De fato, a candidatura do PT foi derrotada
novamente, já no primeiro turno, pelo então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, que obteve 53% dos votos. Lula
ficou em segundo, com 31,7%. Ciro Gomes saiu candidato pelo
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