O reencontro da esquerda democrática e a nova política | Page 112
cadas pelo desempenho descontrolado dos mercados; se acreditarmos que somos apenas parte da verdade, o adversário vindo
a ser indispensável na sua constituição, passaremos a combater
o Estado proprietário.
Em vez dele, apostamos em forte sistema de controle social,
para que cada um de nós tenha assegurada suas liberdades
pública e privada. Sob esse aspecto, avultam as diferenças entre
Dilma Rousseff e José Serra. Se Dilma tende ao estatismo, a um
controle direto dos meios de produção, Serra cada vez mais se
torna adepto de um controle desenhado por instituições que se
tornem públicas sem trazerem o peso de serem estatais.
Essas duas tendências independem das personalidades dos
candidatos, intensamente propositivos, mas se configuram
pelas forças políticas que passam a representar.
Numa democracia em que o embate político se dá no centro das
opções ideológicas, se o governo será mais à direita ou à esquerda, tudo vai depender de como cada grupo que chega ao poder
se abre às novas formas de demanda social e às exigências de
um capitalismo atual e competitivo. (31)
De Luiz Werneck Vianna e Renato Janine Ribeiro
Já o cientista político Luiz Werneck Vianna também avalia
os dois partidos como de extração socialdemocrata, em artigo
sobre a mesma eleição de 2010:
Tanto o PSDB como o PT são “partidos paulistas”, nascidos de
movimentos sociais que fizeram parte da resistência ao regime
militar, o segundo com origem no sindicalismo da região do ABC,
sede da moderna indústria metalúrgica, e, o primeiro, como expressão de círculos intelectuais e de políticos nucleados em torno de um
diagnóstico comum sobre o que seriam os males do país.
PT e PSDB, embora procedentes de regiões diversas do social,
vão ter em comum a valorização da matriz do interesse e a denúncia do patrimonialismo, e não à toa Os donos do poder, o clássico
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O reencontro da Esquerda Democrática e a Nova Política