O queijo de coalho em Pernambuco: histórias e memórias | Page 71
O QUEIJO DE COALHO SE FORTALECE NO AGRESTE
Paisagem do Agreste de Pernambuco no
verão
dois últimos anos do século XXI, considerando uma grande seca que dizimou
rebanhos, fez diminuir a produção que
precisou de insumos de fora, alterou os
preços dos derivados e começam a se
restabelecer com a presença das chuvas,
mai s recentemente em que se discute a
necessidade de procurar o armazenamento da água para enfrentamento do
fenômeno, considerando as secas periodicamente.
Enquanto isto algumas regiões tem
água o ano inteiro, com áreas de brejos
utilizados pela população e pelo gado,
como em anos regulares em sua pluviosidade, existe também o contrário nas
áreas desprovidas de água potável ou
com escassez do líquido, no que são demandadas novas obras públicas que possam atender e superar as dificuldades
que se vivenciam nesse processo.
Todavia, frente as repetições da
seca, a pastagem artificial amplia-se no
Agreste, vindo a ser cultivada extensivamente nas áreas que chegaram a permitir.
Assim, conforme expressa o geógrafo Manoel Correia de Andrade, no
Estado de Pernambuco, sua cultura expandia-se, na transição para 1960, atingindo 95.115 hectares, dos quais 70% situavam- se nessa macrorregião, presente
nos municípios como São Bento do Una,
Canhotinho, Bom Conselho, Pesqueira
e Vertente. Atualmente as maiorias dessas unidades citadas se incluem entre os
municípios que abrangem a Bacia Leiteira, com 70% da produção de leite do
Estado e sua origem produtiva nas áreas
do Agreste e bordas do Sertão. Nesse espaço, diz Andrade que81:
[...] no chamado Triângulo Leiteiro,
que compreende os municípios agrestinos de Pesqueira, Sanharó, Belo
Jardim e São Caetano, em suas porções meridionais, São Bento do Una
e Alagoinha e a porção setentrional
de Garanhuns assim como o município sertanejo de Pedra a predominância é de gado leiteiro.
Na região, as altitudes variam entre
os 600 e 1.000 metros, de maneira que
a amplitude térmica diurna é relativamente elevada, o que propicia melhor
adaptação do gado europeu, na condição de bom produtor de leite. Nessas localidades, há a predominância do gado
mestiço de Holandês com Zebu, com
destaque para o Gir, além da presença
maior do animal puro sangue da raça
holandesa. Constatam-se, portanto, nessa área, as médias mais altas da produção leiteira do Estado, superiores a 10
litros diários, e os períodos mais amplos
de lactação, bem como predomina também o regime de semi-estabulação.
Já nos anos sessenta, de acordo com
Andrade82 :
[...] a criação de gado leiteiro localizava-se ao Sudoeste de Bom Conselho, em área contigua ao município
sertanejo de Águas Belas e aos municípios alagoanos de Batalha, Jacaré
dos Homens etc, onde se desenvolve hoje admirável pecuária leiteira
tendo por base a cultura da palma.
“Essa área leiteira sustentava o Laticínios Santa Maria S.A., vista como
pioneira, no Nordeste, na fabricação
de queijos de qualidade”.
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