O queijo de coalho em Pernambuco: histórias e memórias | Page 65

O QUEIJO DE COALHO SE FORTALECE NO AGRESTE Pesqueira, como já visto, dependia bastante desse empreendedor , que de maneira recíproca dizia que atribuía a Pesqueira ter-lhe ensinado grandes coisas. Além do Coronel, os irmãos Lundgren também foram grandes comerciantes de peles no interior de Pernambuco e exportadores para a Europa. Delmiro e os Lundgren seriam, inclusive, parceiros na indústria alagoana a ser montada em Pedra (AL). O município já tinha seu destaque na atividade industrial no interior do Estado e também superava cidades como Caruaru e Garanhuns em relação à pecuária extensiva, que, junto às atividades de cultura de subsistência, envolvia grande número de propriedades rurais. Constituía-se, ao mesmo tempo, importante produtor de leite como integrante da Bacia Leiteira de Pernambuco, na porção do Agreste Centro Ocidental. Até os dias atuais, a região, que tem ao seu entorno Pedra e Venturosa, aparece como grande produtora de leite e queijo de coalho do Agreste de Pernambuco. Conforme o Recenseamento Agrícola de 192069, realizado em Pernambuco, Pesqueira aparecia como primeiro lugar em número de gado bovino no Agreste de Pernambuco, sendo seguida por Caruaru e Garanhuns. Não obstante ter sido desenhado secularmente o predomínio do latifúndio no Brasil, cuja produção mais conhecida foi e ainda é a da cana-de-açúcar, houve, dentro do possível, o desenvolvimento da pecuária e da lavoura, uma vez que essa, até certo ponto, apresentava-se rentável. Isso fica evidente com a constatação da existência da Bacia Leiteira de Pernambuco, com destaque para Garanhuns, à qual os municípios do Agreste se inserem. Neste entendimento, Amador70, como geógrafa, disse mais recentemente ao referir-se aos municípios de Pedra e Venturosa que: Feira em Garanhuns no início do século. Fonte: Álbum do Município de Garanhuns, 1920. “[...] o predomínio atual é de uma pecuária essencialmente leiteira associadas, em alguns casos, à fabricação de queijo e derivados, atrelada, em pequena escala, à agricultura de subsistência, na qual há um percentual mínimo de familiares (homens) envolvidos. Por sua vez, o município de ÁguasBelas, contemporaneamente visto como grande produtor leiteiro, destacava-se na indústria e comércio do couro, por causa, também, das oficinas de calçado e de sellins. Já no início do século XX, o município possuía meia dúzia de reputados curtumes com excelentes produtos. Enquanto isso, o município de Bom Conselho, elevado à vila desde 1860, constituía-se, naquele momento, como grande produtor de queijo, assim como de couro, de chapéus e de cordas, produtos apreciados nas feiras e exportados do espaço agrário71. Na contemporaneidade, o município constitui-se como grande produtor leiteiro e entre os seus derivados, destaca-se o queijo de coalho. Atualmente se faz muito leve a produção de artefatos de couro na região Sul do Estado, contudo destaca-se com reconhecimento nacional o Município de Cachoeirinha, pela qualidade de sua indústria e arte no Agreste Central. "Transporte de Carne Verde" no Agreste, meados do século XX 63