O queijo de coalho em Pernambuco: histórias e memórias | Page 64

62 O QUEIJO DE COALHO EM PERNAMBUCO: HISTÓRIAS E MEMÓRIAS 3.2. A presença dos queijos: a região Agreste destaca-se como campo produtivo Inicialmente, a palavra Sertão era sinônimo de interiorização, mas ao longo do tempo começou se diferenciar de outras áreas do interior de Pernambuco, das quais podemos citar as regiões Agrestinas, mais elevadas, com clima mais frio, proporcionando um melhor conforto térmico para as vacas leiteiras. Essas regiões ainda possuem uma amplitude térmica e um nível de umidade ideal para o plantio de palma forrageira, que se tornará, ao longo do tempo, a alimentação base do gado leiteiro. Assim, as regiões do Agreste vão desenvolver as suas apti dões para a produção leiteira. Na medida que emergem os municípios pernambucanos alguns passam a se constituir membros da bacia leiteira, como apresenta a obra de Sebastião de Vasconcelos Galvão66, publicado pela Imprensa Nacional. Garanhuns, situada ao sul do Estado de Pernambuco, elevada à cidade desde 1879, como sede municipal, vai se revelando próspera. Em pouco tempo, a localidade já teria a sua estação ferroviária. Em 28 de setembro de 1887, chegou o tráfego a Garanhuns, arrendada na linha “Sul de Pernambuco”, a Great Western of Brasil Railway. No início do século XX, Garanhuns teve como municípios vizinhos: São Bento do Una, Correntes, Canhotinho, Bom Conselho e Conceição da Pedra. Na época, evidenciava-se a compra e venda de gado, de queijos, das peças de couro, como chapéus, vestimentas, sellins e mantas, entre outros produtos atribuídos à expansão que o gado bovino foi alcançando nessa região de acesso aos Sertões mais distantes. Enquanto isso, o queijo produzido em Garanhuns se inclinava para vastas proporções, uma vez que se constituía “um recurso para a população indígena e para os imigrantes que ali foram se estabelecer”67. Os europeus em Garanhuns contribuíram com a multiplicidade de novos tipos de queijos, produzidos, por italianos, principalmente, os membros da família Notaro, que, segundo relatos de parentes na atualidade chegaram a ensinar a feitura de, aproximadamente quinze tipos de queijo no município. O planalto de Garanhuns era um espaço favorável à criação do gado vacum, do mesmo modo que se criava esse animal no município de Cimbres (Pesqueira) ou em Altinho. Na época, em Pesqueira, atuava o Coronel Delmiro Gouveia, com o comércio de couros, peles de boi e de bode, gêneros alimentícios, algodão, dentre outros e como industrial inovador, Delmiro foi bastante atuante, e fez Barros Souza68 considerá-lo como uma “[...] espécie de Mauá de Pernambuco. Um homem incompreendido na época, ousado demais. O referido comercio de couros e de peles de