O queijo de coalho em Pernambuco: histórias e memórias | Page 53
O TRAJETO DO GADO E O POVOAMENTO DOS SERTÕES: Produção de queijo no interior do Brasil
Alguns queijos do Sertão e os requeijões frescos, os últimos preparados nos
engenhos, constituíam-se como verdadeiras exceções, pela boa qualidade, e eram
muito apreciados. Tais produtos apresentavam um valor comercial bem considerável.
A única exploração racional era feita
no município de Pesqueira, pela leiteira
sertaneja dos Srs. Duarte, Ribeiro & Companhia, montada em 1913, mas que fazia
escala muito limitada de queijos, manteiga
e leite beneficiado para venda na Capital.
Outro estabelecimento, montado em Belo
Jardim, teve vida efêmera53.
Nesse período, no Recife, todo leite
fresco consumido na cidade vinha de 132
estábulos distribuídos nas zonas urbanas e
suburbanas dos bairros de Afogados, Graças, Boa Vista, Poço da Panela e Várzea54.
A criação de gado no Litoral era muito tímida. Por essa razão, eram poucos os bairros abastecidos com leites frescos e de boa
Venda de leite à porta com vaca, 1940
qualidade. A forma como era feita a ordenha do animal demonstra o total despreparo dos vendedores. O comércio do leite
era feito pelas ruas, com as vacas guiadas
por pessoas pouco asseadas. O leite era tirado na frente dos consumidores sem as
mínimas condições de higiene. Quando
não era feito assim, o leite era acondicionado em vasilhames de flandres e “batizado”, ou seja, misturado com água, para os
menos exigentes.
Fica, então, evidente a falta de compromisso com a qualidade do produto a
ser vendido e, também, a desonestidade
dos comerciantes que misturavam água
no leite para os consumidores mais distraídos.
Constata-se que, de vez em quando,
ocorria fiscalização, só para a verificação
da densidade do líquido, por fiscais não
muito capacitados. Não havia lei que regulamentasse a questão da higienização
do leite e nem uma atenção voltada para
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