O queijo de coalho em Pernambuco: histórias e memórias | Page 46

44 O QUEIJO DE COALHO EM PERNAMBUCO: HISTÓRIAS E MEMÓRIAS 2.7. A pecuária produz leite, carne, couro e financia a educação Também existiam maneiras diferentes de se criar o gado, em uma variação de estrutura social nos diversos espaços humanos que se arraigavam nas distintas regiões brasileiras. Olhemos as Minas Gerais, com áreas repletas de rios e regularidade de chuvas. Essa região, a partir do século XVIII, passa a ter um gado afamado por sua robustez. O trabalho existia nas mãos dos escravos e seus proprietários residiam na fazenda com participação nessa atividade. Já no Sul do Brasil, com a pecuária, surge o gaúcho em sua cultura ricamente cantada. Enquanto isso, na área que foi posteriormente denominada de Nordeste, a distribuição de sesmarias foi o princípio impulsionador da expansão pecuarista. No depoimento de quem era da região, correspondente a grande parte do atual Nordeste, autor de um escrito anônimo, põe que João Pereira Caldas44, governador do Piauí, do Pará, e, ao final do Mato Grosso, se interpreta que: Em cada fazenda dessas não se ocupam mais de dez ou doze escravos e, na falta deles, os mulatos, mestiços e pretos forros, raça de que abundam os sertões da Bahia, Pernambuco e Ceará, principalmente pela vizinhança do São Francisco. Esta gente perversa, ociosa e inútil, pela aversão que tem ao trabalho da agricultura, é muito diferente (quando) empregada nas fazendas ditas de gado. Com a ampliação de novas áreas de expansão da pecuária surgiram importantes feiras de gado no interior, de maneira que, mesmo três séculos depois, permaneceriam dentro do modelo de comércio do gado. Esses povoamentos se desenvolveram de forma precária, mas com relevância significativa para a sociedade dos tempos coloniais para Pernambuco. Fica caracterizado, portanto, a relevância da criação de gado para a história de Pernambuco. Por meio dela, que, inicialmente, era considerada como um problema para os grandes senhores de engenho, surgiu novo grupo econômico, e, assim, novas vilas e cidades. Hoje, a história reconhece cidades do Agreste e do Sertão pernambucano que tiveram como base populacional os colonizadores da criação de sedes de fazendas. Entre elas, estão os municípios de Garanhuns, Bezerros, Caruaru e Arcoverde, entre outros. No decorrer do trajeto feito pelo gado, tal atividade veio a contribuir para a riqueza de poucos e o trabalho de muitos. Assim, foi grande o número de pequenos criadores ou sitiantes que viviam em função do gado e seus resultados.. Por outro lado, veio a concessão de novas terras e o mapeamento de mui- "...de couro todas as cordas, a borracha para carregar água, o mocó ou alforge para levar comida, a maca para guardar roupa, a mochila para milhar cavalo..."