O queijo de coalho em Pernambuco: histórias e memórias | Page 31
A PRODUÇÃO DO LEITE E DO QUEIJO SE TORNA CULTURA
Influência da pecuária no artesanato do Agreste
Pernambucano
Não obstante, houve predominância do gado no interior da Capitania de
Pernambuco, inclusive do gado leiteiro.
Os queijos e outros derivados do leite
passaram a chegar à região do Litoral
pernambucano. Nessa época, os queijos, a manteiga e o requeijão deixaram
de ser produção de fundo de quintal e
consumo domiciliar para abastecer as
prateleiras de pequenos comércios. No
entanto, a aceitação do queijo era um
pouco irrelevante, devido ao odor por
ele exalado.
Por apresentar um cheiro considerado desagradável, o queijo de coalho
era pouco consumido nas refeições. Porém, com o aprimoramento de técnicas
de produção e higienização, esse conceito foi entrando em desuso e o queijo,
quando de boa qualidade, tem se tornado um alimento quase indispensável à
mesa dos apreciadores.
A influência da criação de gado
será relevante a respeito do abastecimento da carne para as populações no
entorno das fazendas, que junto à farinha de mandioca tornou-se alimento
básico, sendo a carne conhecida como
carne seca no Nordeste. Na toponímia,
demonstra-se o fato de que diversas
fazendas, sobrados, currais e demais
construções em tempos coloniais eram
usadas como pontos de localização, que
guiavam os vaqueiros pelos caminhos
do Sertão ao Litoral. A contribuição do
gado é observada na cultura, quer seja
no vocabulário, típico de regiões distantes dos grandes centros, gozando de
bastante autonomia em suas expressões
artísticas, como a do bumba meu boi e
na musicalidade do aboiador sertanejo.
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