O queijo de coalho em Pernambuco: histórias e memórias | Page 23
CAPÍTULO I
A PRODUÇÃO DO
LEITE E DO QUEIJO
SE TORNA CULTURA
1.1. A escuta, o fazer, o buscar
Meu nome é Pedro Manoel dos Santos, com nascimento no dia 22 de fevereiro de 1928,
na Fazenda Redenção, Sítio Saco da Serra de Capoeiras, como é conhecido. Sou filho
de Sérgio Alexandre dos Santos. Aprendi a fazer queijo com o meu pai, que deve ter
aprendido com o pai dele. Ele vendia o queijo, mas era pouco. E fazer naquela época
era uma dificuldade. As coisas eram muito devagar e as condições eram muito poucas.
Era perto de Capoeiras. Faz muitos anos. A fabricação era igual à de hoje. Mas o
coalho era diferente, era de gado. Um pouco do soro e dali fazia o queijo. Mas tudo
muito desorganizado. Hoje é mais organizado. Era feito nas mesmas formas que se faz
hoje, de madeira. Quando queria forma redonda, fazia de gravatá. Não esse que tem o
nome hoje. Acho que se acabou. Nem planta se vê mais. Botava essas folhas largas, da
largura de uma mão, cortava, emendava e costurava. Tinha uma casinha separada,
fora de casa, para fazer o queijo. Os filhos faziam, a mãe fazia também. Deve ter mais
de sessenta anos que eu fazia isso. O queijo era alvinho, do jeito que é hoje. Se colocasse
sal, ele amarelava. (Relato de Pedro Manoel dos Santos, em 18 de janeiro de 2006,
em Capoeiras-PE)1.
21