O Pinhão - Dezembro/2018 Pinhao dezembro2 | Page 14

Paciente após paciente, inúmeras foram as histórias comoventes, e mui- tas foram as lágrimas de tristeza derramadas às escondidas, mas tam- bém muitos foram os sorrisos de agradecimento por, muitas vezes, uma simples aferição de pressão arterial ser suficiente para que se tranquili- zassem que a hipertensão estava controlada, ou pela prescrição de uma vitamina e um vermífugo, que era o que todos queriam. E a “simples” dermatologista foi extremamente requisitada, pois havia uma epidemia de escabiose e pediculose em um dos abrigos, além de muitas (incontáveis) crianças com impetigo e sudâmina, pois o calor den- tro das barracas de nylon ultrapassava, e muito, os 40°C. Foi grande o trabalho, muitos pacientes atendidos, mas uma coisa me chamava atenção ao final de cada dia: Eu me sentia leve! Atendi mais que o dobro do que faço no meu consultório todos os dias e não sentia 10% do cansaço diário. E essa foi minha grande lição: Eu pensei que tinha ido lá pra me doar, mas entendi que recebi muito mais do que deixei... Quando não resta mais nada  além da esperança, um simples dizer - “Em que posso lhe ajudar?” - representa mostrar que alguém se im- porta, que não estão sozinhos, que eles podem sim, e devem, manter a esperança. E essa esperança que ali- menta suas almas acaba por alimentar também a alma dos pobres e vazios voluntários... Por fim, gostaria de “Os rios não be- bem sua própria água; as árvores não comem seus próprios frutos. O sol não brilha para si mesmo; e as flores não espalham sua fragrância para si. Vi- ver para os outros é uma regra da na- tureza. (...) A vida é boa quando você está feliz; mas a vida é muito melhor quando os outros estão felizes por sua causa.”