derrubada foi de 6.634 quilômetros quadrados de corte raso, ou
quase 930 campos de futebol. No período anterior de doze meses, a
floresta perdeu 7.893 quilômetros quadrados de vegetação. Esses
números se repetem ano após ano, com variações para cima e para
baixo, a ponto de hoje a área devastada na Amazônia já ser maior
que os territórios de Alemanha e Portugal juntos. São mais de 750
mil quilômetros quadrados de devastação, segundo levantamento
feito pelo IBGE, com aumento de 50% nos últimos 20 anos.
O ritmo da devastação é constante e apesar da queda ser
uma boa notícia, ainda estamos longe de cumprir a meta estabe-
lecida pelo governo federal em 2009, que é de limitar o desmata-
mento anual a 3,5 mil quilômetros quadrados em 2020, daqui a
somente dois anos.
Em comunicado, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazô-
nia – Ipam – constata que o Brasil ainda não provou que é capaz
de cumprir a sua parte no Acordo de Paris, que é o compromisso
global pela redução das emissões de gases do efeito estufa.
O Brasil emitiu, em 2017, mais de 330 milhões de toneladas de
CO 2 em decorrência do desmatamento.
Para combater o desmatamento, é fundamental valorizar e
equipar órgãos como o Ibama para fiscalizar e combater a ativi-
dade ilegal, o desflorestamento criminoso e outras atividades que
prejudicam a floresta, como a mineração clandestina. É preciso
deixar claro que não queremos que a Amazônia deixe de produzir
alimentos, nem tenha outras atividades produtivas, mas é total-
mente possível desenvolver a agricultura e a pecuária, por exem-
plo, nas áreas que já estão desmatadas.
O Pará tem cerca de 23 milhões de hectares de áreas já alteradas
pelo homem, das quais mais de 16 milhões são pastagens, algumas
de baixíssima produtividade. Portanto, é possível aumentar a produ-
ção sem avançar sobre a floresta. De acordo com o Ipam, na Amazô-
nia há quase 80 milhões de hectares já desmatados e destes, pelo
menos, 15 milhões de hectares (3% do bioma) estão subutilizados ou
abandonados e podem ser recuperados para a produção.
Também tem que haver incentivo a novos arranjos produtivos
que deixem a floresta em pé, como programas de sequestro de
carbono, serviços ambientais e outros, que precisam de recursos.
Tudo é uma questão de aplicar planejamento, ciência e tecnologia
em favor da produção e da preservação, já que as riquezas contidas
na mata nativa hoje também são inestimáveis para o nosso futuro
e a própria ciência. Basta usarmos esses recursos com sabedoria.
O desafio do clima
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