O imprevisível 2018 PD49 | Page 96

O desafio do clima Arnaldo Jordy O s países membros da ONU estão na Alemanha, neste momento, para Conferência sobre Mudanças Climáticas (COP 23). Em pauta, os crescentes aumentos de tempe- ratura no mundo, o aumento do nível do mar e do número de tempestades, secas, inundações, furacões e outros desastres naturais que podem ser consequência do aquecimento global. Documento da Organização Meteorológica Mundial revela que a ocorrência de eventos climáticos extremos tem acompanhado a curva de crescimento das emissões de gases estufa e o aumento da média da temperatura global. Conter o aquecimento, no entanto, enfrenta outra barreira, que deverá ser um dos pontos centrais de discussões na COP 23, a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, por iniciativa do governo de Donald Trump, repetindo o que George W. Bush fizera com o Protocolo de Kyoto, e a consequente desidratação do fundo global de financiamento das ações contra o aquecimento, que é formado, proporcionalmente, pelas contribuições dos países que mais jogam dióxido de carbono (CO 2 ) na atmosfera, sobretudo EUA e China. No Brasil, o desmatamento contribui para o cenário preocupante. Os números sobre a Amazônia divulgados em outu- bro mostram uma queda no ritmo da devastação, mas não escon- dem que a área desflorestada da região continua aumentando ano após ano, e indicam que ainda estamos muito distantes de cumprir as metas às quais o Brasil se propôs em redução do corte de árvores e da emissão de CO 2 na atmosfera. O Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite do Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espa- ciais – detectou 16% de queda na taxa de desmatamento na Amazô- nia no período entre 1º de agosto de 2016 a 31 de julho de 2017, em relação ao período anterior, após dois anos de aumento consecu- tivo. No Pará, a taxa de desmatamento da floresta caiu 19%. Esses números, divulgados em meados de outubro, significam, entretanto, que somente no Pará, foram derrubados em um ano 2.413 quilômetros quadrados de floresta, equivalentes a 340 campos de futebol. Em todos os estados da Amazônia, a área 94