O desafio do clima
Arnaldo Jordy
O
s países membros da ONU estão na Alemanha, neste
momento, para Conferência sobre Mudanças Climáticas
(COP 23). Em pauta, os crescentes aumentos de tempe-
ratura no mundo, o aumento do nível do mar e do número de
tempestades, secas, inundações, furacões e outros desastres
naturais que podem ser consequência do aquecimento global.
Documento da Organização Meteorológica Mundial revela que a
ocorrência de eventos climáticos extremos tem acompanhado a
curva de crescimento das emissões de gases estufa e o aumento
da média da temperatura global.
Conter o aquecimento, no entanto, enfrenta outra barreira,
que deverá ser um dos pontos centrais de discussões na COP 23,
a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, por iniciativa do
governo de Donald Trump, repetindo o que George W. Bush fizera
com o Protocolo de Kyoto, e a consequente desidratação do fundo
global de financiamento das ações contra o aquecimento, que é
formado, proporcionalmente, pelas contribuições dos países que
mais jogam dióxido de carbono (CO 2 ) na atmosfera, sobretudo
EUA e China. No Brasil, o desmatamento contribui para o cenário
preocupante. Os números sobre a Amazônia divulgados em outu-
bro mostram uma queda no ritmo da devastação, mas não escon-
dem que a área desflorestada da região continua aumentando ano
após ano, e indicam que ainda estamos muito distantes de
cumprir as metas às quais o Brasil se propôs em redução do corte
de árvores e da emissão de CO 2 na atmosfera.
O Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia
Legal por Satélite do Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espa-
ciais – detectou 16% de queda na taxa de desmatamento na Amazô-
nia no período entre 1º de agosto de 2016 a 31 de julho de 2017, em
relação ao período anterior, após dois anos de aumento consecu-
tivo. No Pará, a taxa de desmatamento da floresta caiu 19%.
Esses números, divulgados em meados de outubro, significam,
entretanto, que somente no Pará, foram derrubados em um ano
2.413 quilômetros quadrados de floresta, equivalentes a 340
campos de futebol. Em todos os estados da Amazônia, a área
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